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Como manda o figurino de Cássio Caiazzo ! – parte I

Categoria(s): | Publicado em: 16 de abril de 2015

Oi, meu povo!

Chegou o momento de entrevistar outro amigo. CÁSSIO CAIAZZO é estilista, figurinista, cenógrafo e produtor cultural, baiano, e participou recentemente, de forma brilhante, do quadro “COMO MANDA O FIGURINO”, do “Fantástico”, que também faz parte da celebração dos 50 anos da Rede Globo.

Conheci Cássio, ainda adolescente, quando trabalhávamos juntos num projeto. Ele não manda recados, é destemido, determinado, inteligente e, o melhor, É FELIZ.

Eu guardo com carinho uma vez, quando estávamos voltando de uma das apresentações pelo projeto e, de dentro da van, ele nos mostrou, orgulhoso, as ruas onde sua mãe limpava. Ela trabalhava numa das empresas que limpavam as ruas de nossa cidade. Os olhos dele brilhavam e eu nunca esqueci a imagem de sua alegria enumerando o volume de feitos dessa mãe guerreira.

Eu pedi pra ele responder a uma entrevista e ele me deu uma história massa! Confesso que me assustei quando vi o tamanho de suas respostas às perguntas. Nossa, ele tem muito a dizer! Pensei em pedi-lo pra resumir, mas cadê coragem diante de interessantíssima história? Como resumir alguém tão plural? Amei! E se ele quer falar, quem cala? E se fala tão bem, quem cala? Vou colocar TUDO. Sem cortes. #SouDessas. Sou canceriana, apegada. Apenas vou jogar o golpe de lançar em duas partes. Na primeira, ele nos conta o início de sua trajetória e um pouco de como tornou-se um dos participantes de “COMO MANDA O FIGURINO”. 

Gente, tudo isso daria um  bom livro, juro! Eu quero ler novamente. E tenho certeza de que você vai querer também. Uhuhuhu Obrigada, Cássio!

Tá com tempo? Aprecie. Não tá com tempo? Guarde para depois. Mas leia TUDO. Você não vai se arrepender. 

Simbora!

Cassio Caiazzo

Cassio Caiazzo

Pra começar, fale nos um pouco sobre “’Como Manda o Figurino’”, quadro do programa “Fantástico” que você”  fez parte? Como surgiu?

Em meados de Outubro, fui contacto pela Rede Bahia, filial da Globo local, e fui comunicado que tinha sido indicado como um profissional de figurino, por um artista da cidade (não disse quem era) e que eles gostariam de falar um pouco sobre o meu trabalho.

A primeira gravação ocorreu e, minutos antes de ir para entrevista, outro amigo, também estilista, me ligou perguntando se eu teria uma conversa com alguma equipe de gravação. Eu disse que sim, ele meio que me explicou o que era e que ele também tinha sido indicado. Pela entrevista dele, ele disse que o perfil que eles queriam de figurinista era o que eu exercia, e me indicou também.

Aí o rapaz que o estava entrevistando falou pra ele que já estava vindo me entrevistar. Na verdade, ele me ligou pra saber se eu sabia ou não do que se tratava. O entrevistador, que na verdade era uma pessoa da equipe de marketing, tinha perguntas genéricas, que pediam que eu falasse como era meu processo criativo, quais caminhos eu percorria, técnicas, tempos e tal.

Três dias depois, recebi outra ligação pedindo que eu gravasse, mas, desta vez, mostrando desenhos, referências de pesquisas e trabalhos. Então, passou-se um período de quase 20 dias, recebi  um informativo explicando qual era sentido das gravações e me convidando para o projeto. Assinei um contrato de sigilo e fiquei respondendo dados e atendendo várias demandas. Até que recebi “mais uma vez” a equipe de gravação, com o convite já para viajar no outro dia.

Conte-nos sobre o início de sua sua trajetória. Como começou a sua careira?

A minha história de vida começa, na minha memória, quando eu e minha família (minha mãe e minhas duas irmãs mais velhas),  ainda quando criança, saímos da casa de aluguel, num cortiço da ribeira, para integrar às centenas de pessoas que invadiam o bairro da Massaranduba, ainda quando praia, para garantir uma moradia. Como milhares de pessoas nesse país, sou filho de mãe solteira. Nunca conheci ou tive apoio ou presença qualquer da figura paterna, porém, a referência da figura materna, sempre foi meu grande exemplo de superação, determinação, caráter, alegria e perseverança.

Criado num humilde barraco de madeira até meus  dezesseis anos, tive uma infância rural, dentro de uma cidade urbana. A nossa casa era muito pequena, mas o terreno conquistado nos deu, além de muito trabalho, muitas alegrias também. Cultivávamos mais de três tipos de bananas, manga, coco, abacate (em duas espécies também), pitanga, acerola, cana, feijão de vários tipos, aipim, batatas, inhame, além de tantas plantas ornamentais e medicinais. Era verdadeiramente uma fartura, regada a muito suor representado nas mais de 200 caçambas de entulhos, que minha mãe comprava e, algumas vezes, ganhava de seus amigos, que também nos ajudavam a “colocar para dentro”  para ganhar mais terreno e vencer a força da maré.

Me lembro que todos ajudavam, até eu, com um baldinho ia colocando terra para dentro. Sempre foi muito difícil, mas muito alegre também. Tanta fartura não ficava somente conosco. Minha mãe sempre teve o dom de partilhar, seja em terreno, que deu parte a uma família com cinco filhos, que chegou depois da invasão, ou mesmo a própria casa, por onde passaram mais de trinta pessoas que moraram com a gente. Da mesma forma era ( e até hoje é) com todos os frutos que a nossa terra dava! Até hoje, ganhamos frutas das mudas que minha mãe trouxe quando saímos desse terreno, e que ela deu para quem tinha terrenos ou quintais.

Mas nem tudo foi tão fácil. Minha mãe teve que sair do trabalho para tomar conta de mim e  de minhas duas irmãs, pois como um território sem lei, no bairro existia muita marginalidade e o índice de assassinatos, estupros e tráfico de drogas sempre foi muito forte. Lembro de muitas famílias que perderam seus filhos de maneira brutal, de homens encapuzados adentrarem casas de famílias, tirarem os filhos amedrontados dos braços de suas mãe e trazerem para fora e serem cravejados por balas na porta de casa. Minha mãe, guerreira e felina, como sempre foi, decidiu cuidar da cria como podia, sempre com dignidade! Fazia manicure, lavava roupas de ganho, vendia deliciosos e disputados geladinhos e, por um tempo, teve um pequeno bar, só para seus amigos, muitos pescadores, que sempre traziam frutos do mar, dos mais nobres aos menos conhecidos, mas de sabores inigualáveis.

Lembro que também vivi muito forte a cultura pesqueira das marés da ribeira. Famílias passam em quase procissão, em épocas de luas cheias e marés baixas, para pescar mariscos e crustáceos, e minha mãe sempre atenta, ia e nos levam também. Voltávamos com baldes cheios, às vezes carros de mão, cheios de frutos do mar, pescados por nós e o processo era longo: limpar, cozinhar, catar… era sempre uma grande diversão. Eu lembro que me divertia em catar siris e crustáceos entre os recifes e os milhares de destroços de barcos, um dia naufragados ou abandonados, afundados, que só aparecem, até hoje quando a maré seca. E eu, como sempre curioso, era isso que me atraía, e enquanto minha mãe e minhas irmãs, na companhia de vizinhos e às vezes familiares, mariscavam, eu, muito pequeno, desbravava aquele mundo novo. Sempre foi assim. O novo, o desconhecido sempre me atraiu. E essa curiosidade era temida por minha mãe, devido ao tal lugar onde morávamos.

Eu aprendi a desenhar muito antes de escrever. Por conviver com os poucos e preciosos materiais  de desenho escolares de minhas irmãs mais velhas, colorir e desenhar eram a minha grande diversão. Lembro de um caderninho de desenho, distribuído pela escola/estado que só tinha desenho de roupas. Nessa época já um pouco maior, quando voltava da escola, ficava na casa de uma amiga de minha mãe, chamada Lila, que desde sempre a chamei de tia, e quando voltava da escola, passava horas na sua casa, que era também seu ateliê, primeiramente, para assistir televisão, que na nossa casa não tinha, pois numa das mudanças das caçambas de entulho para dentro, eu em uma das minhas traquinagens, tombei e a TV caiu. Ficamos anos sem, só depois, já com minha mãe trabalhando e, com a ajuda de um amigo de minha mãe, a quem também chamávamos de tio Israel, compramos uma TV preto e branco. Mas antes disso, esse meu convívio na casa de Tia Lila, entre milhões de tecidos e aviamentos me fascinava. Ver e, muitas vezes, acompanhá-la desde a compra do tecido até a entrega da roupa para a cliente, vendo todo o processo da construção da roupa era fascinante. Me divertia e tentava copiar, os desenhos dos estilistas, que ficavam no ateliê, após a entrega das peças. Até hoje tenho algumas cópias.

Mesmo criança, com esse interesse pela moda/indumentária, sofri, aliás, eu não, minha mãe, que ouvia retaliações de parentes e amigos, que diziam que minha mãe tinha que parar de me cuidar como uma menina ou que moda era coisa de viado. Minha mãe, sempre guerreira e independente, nunca ouvia calada, dizia que viado ou não, eu era filho dela e que eu seria o que eu quisesse da minha vida; que no dia que alguém a ajudasse a nos criar, educar e alimentar, talvez ela pudesse escutar, mas mesmo assim sendo, ia ser como ela queria, pois quem abriu as pernas para parir cada filho foi ela, então que ninguém se metesse na educação dada por ela. Minha mãe sempre foi muito guerreira e pés no chão! Características que aprendi com o exemplo e trago comigo hoje e sempre!

Porém, com o convívio da realidade financeira que Tia Lila levava, e por conviver com um outro grande amigo alfaiate do bairro, o Nelson, quem sempre fez minhas roupas (tia Lila fazia as de minhas irmãs e de minha mãe, e Nelson fazia as minhas), atrelado a outros fatores externos e significativos, na época, como a minha extrema curiosidade em tudo, a minha tão criticada inocência ou falta de malícia, como diz minha mãe; a marginalidade e violência no bairro, a ignorância alheia sobre tal profissão e o preconceito; minha mãe aos poucos me deu outras alternativas de diversão e interesse, e gradativamente fui esquecendo a moda.

Fiz parte de banda (tipo fanfarra da escola), coral, igrejas até começar a fazer teatro, o que de inicio me fascinou, mas que na verdade era mais uma atividade de ocupação de tempo, quando não estava na escola e minha mãe tinha que trabalhar. Fiz parte de um projeto social da prefeitura, chamado Fundação Cidade Mãe, onde meu contato com o mundo as artes foi fascinante e arrebatador! Fiquei lá por dois anos. Fiz teatro, dança, capoeira, informática, além de conviver com outras pessoas que faziam outros cursos como TV, vídeo e corte e costura. Por ser um garoto que todos conheciam e conviviam na instituição, fui chamado para fazer um vídeo institucional sobre a atuação do projeto na cidade. Foi quando, paralelamente, outra instituição de caráter educacional e artístico, uma ONG, convocou muitas instituições sociais da cidade, que trabalhavam com jovens e arte, para discutirem sobre os Direitos Humanos, pois um jovem dessa Instituição, o CRIA – Centro de Referência Integral de Adolescentes, sofreu violência policial, dentro de sua própria casa, por ser supostamente suspeito de alguma coisa, por ser negro.

Conheci essa instituição e lá foi meu primeiro grande espaço de escuta e convívio com jovens de diversas faces da cidade, como eu, e que tinham muito pra falar, reivindicar, questionar, mas que, primeiramente, tinham que aprender a se conhecer, num processo pedagógico permanente em responder uma simples pergunta: “Quem sou eu?”  e a conviver  com os diferentes  e iguais, e que na vida éramos peça fundamental para todo e qualquer processo de mudança e transformação. Foi com esse murro na cara que tive que aprender a me responder e a me posicionar no mundo. Entendendo que o coletivo é feito de indivíduos e que para respeitar o outro, tenho que respeitar a mim mesmo.

Fiquei durante quatro anos num grupo de teatro chamado Mais de Mil, que tinha como foco no seu espetáculo, falar sobre a realidades das escolas, e todas as suas interfaces. Em grupo, viajamos  para muitas cidades do interior do Estado da Bahia e muitos outros Estados. Sempre, após os espetáculos, abríamos um bate papo com a  platéia para discutir as coisas trazidas pela peça, que nunca ficava pronta, pois sempre que ouvíamos casos e fatos interessantes e pertinentes, tínhamos que, de alguma forma,  introduzi-los no espetáculo, sob a direção da incrível Arte Educadora Carla Lopes.  Desde sempre, sabíamos que o Estar no CRIA era passageiro e que deveríamos nos posicionar no mundo, e que buscássemos sempre a formação acadêmica, para sermos quem quiséssemos ser.

Aí, me descobri um Produtor Cultural, por exercitar tal função, nas realizações dos grandes encontros e festivais realizado pelo CRIA e tendo a Arte como centro de tudo, e ver os olhos de duas pessoas brilharem, Beth Vieira e Daniela Matos, sempre minhas referências profissionais e éticas, na realização de cada ação. Foi nos olhos delas que me vi um profissional Produtor Cultural, e com elas comecei a caminhar, com apoio e apoiando o CRIA, durante dez anos.

No início dessa nova etapa no CRIA, não mais como jovem ator e, sim, como integrante da equipe de produção, me preparando para o vestibular, nesse mesmo período, surgem possibilidades de pensar figurinos, para os espetáculos do CRIA, que, nessa época, descobria e começava a trabalhar a literatura como ferramenta de arte-educação, criando espetáculos de rua e recitais poéticos. Os primeiros figurinos assinados por mim, talvez até mesmo antes de entrar na faculdade de moda, foram para o CRIA, e, justamente por causa disso, volto a despertar o que desde o inicio gritava em mim, porém a trajetória que fiz, me fez ter certeza sobre profissão que me escolheu.

Descontente por não existir uma universidade pública e gratuita de moda, continuei focando meus estudos para entrar na universidade Federal de Produção Cultural, fazendo cursinho pré vestibular e todos os tipos de provas similares para testar meus conhecimentos. Alguns anos, passei nas primeiras fazes, em outras universidades particulares, mas sem condições financeiras para bancar tais estudos, até que quando, de praxe, sem maiores pretensões, somente para  avaliar meus conhecimentos gerais e um comparativo com a média nacional, fiz  mais um Enem, prova até então sem nenhum tipo de portaria para universidades publicas. Mas esse ano em específico, o Governo Federal, lançou o programa universidade para todos e recebi em casa uma carta comunicando que minhas notas me classificavam para participar do programa e que teria altas possibilidades conseguir uma bolsa integral, numa faculdade particular. Quem me deu a notícia foi minha mãe, por telefone. Não acreditei muito, mas por sabedoria e incentivo dela, decidi fazer a inscrição e, para minha surpresa, tinha bolsas de estudo disponíveis em faculdades que tinha cursos de Moda. Não hesitei, lembro-me que minhas primeiras opções foram para os cursos de moda e design, o que não agradou muito a minha mãe, de inicio, já que ela via a possibilidade de estudar algo mais certo, em relação a retorno financeiro, pois ela também sempre reconheceu que o estudo pode ser um fator de transformação econômica e social. Passado alguns dias, no trabalho, num expediente qualquer, no CRIA, recebi um email dizendo que eu tinha passado na minha primeira opção escolhida. Na hora, caiu uma lágrima de ver a possibilidade de estudar o que sempre quis e de ter passado por um funil que era massacrante, que é o vestibular. Liguei em prantos pra minha mãe, que, do outro lado , pulava de alegria, celebrava e chova de emoção por tal feito. Seu filho caçula, finalmente teria nível superior, um dos primeiros da família.

Logo no início das aulas, a coordenação do curso me chamou e disse que, por conta das minhas notas, eu teria possibilidade de trocar de curso, pois a faculdade tinha bolsas para medicina, administração e direito, se era do meu interesse. Eu permaneci com a ideia de estudar moda e fui com tudo estudar o que eu queria. Meu deslumbramento em ter passado, não me fez perceber os grandes desafios que teria. Um jovem pobre,  estudando numa das melhores faculdades particulares da cidade, e isso não me frustou. Percebi mesmo tal impacto com a lista de materiais e livros indicados por cada matéria e, com muito esforço, comprava o básico do básico, e quando chegava em sala para realização de aulas de ilustração e desenho, principalmente, sentia que tinha que fazer a diferença, mesmo não tendo o mesmo material que a maioria dos meus colegas tinham. E isso me fez ser um dos alunos com as melhores notas durante todo o curso. Minhas dificuldades foram superadas pela força de vontade e criatividade. Desde as férias do primeiro semestre, busquei interagir e trabalhar na área que houvesse vaga na minha cidade. Por coincidência, já tinha amigos modelos e conhecia alguns estilistas, e na cidade estava acontecendo duas semanas de moda, cada uma promovida por dois grandes shoppings Centers e consegui, pedindo indicação a uma pessoa aqui, outra ali, a trabalhar nas duas.  Logo depois, sendo mais conhecido na faculdade por alunos de turmas anteriores, fui convidado por  uma colega de curso, de uma turma mais avançada, que seria minha chefe, a montar um núcleo de Produção de Moda para TV na TVE. Lá, tive contato com os traquejos de fazer televisão, e um contato mais direto com lojistas e marcas da cidade. Nesse período, trabalhava sempre em dois lugares; com moda em qualquer lugar, desde que a experiência fosse nova e enriquecedora, e com produção cultural no CRIA, por amor e dedicação.

Porém, ao se aproximar o termino do curso na faculdade, me bateu um leve desespero sobre o que faria com o Diploma de Designer de Moda, atuando como produtor, numa ONG, onde sabemos que a vida financeira nem sempre é estável. Foi quando a Funceb abriu um concurso de REDA e tinha entre os cargos, a função de Coordenador do Acervo de Figurino, e eu preenchia todos os requisitos para ocupar a vaga, se fosse classificado. Fiquei em segundo lugar, depois de seis meses do resultado do edital, fui convocado para assumir o Cargo, porém, sendo subestimado por minha chefe imediata na época, Renata Motta, então coordenadora do Centro Tecnico do TCA, a deixar ser coordenado pela então assistente, entrando somente para compor o quadro funcional. Mas, no dia a dia, seria coordenado pela minha assistente, a qual ela achava ser a melhor pessoa para assumir tal função. Tive que pisar forte, falar grosso, me impor e ocupar o meu lugar, o que não foi fácil, já que não tinha espaço para isso. Qualquer outra pessoa poderia aceitar tal condição, pelo retorno financeiro, mas eu que sempre quis ser realizado profissionalmente não deixei e assumi o que era meu por direito.

Na minha gestão, as mudanças no acervo de Figurino do TCA, que é público, passaram a ser extremamente mais democráticas e acessíveis para toda a classe artística da cidade,  tais cuidados, foram reconhecidos por alunos da Escola de Teatro da UFBA, grupos artísticos em geral, artistas independentes e os próprios profissionais avulsos ou da casa, aposentados e em atividade. O que trouxe para o TCA um maior reconhecimento da importância de tal acervo, sendo acrescido por doações de figurinos de espetáculos inteiros, bem como roupas que serviam para figurinos. Com esse posicionamento sobre conhecimento de conservação têxtil e cuidados com figurino,  tive muitas portas abertas para trabalhar com grandes produções e diretores de teatro da cidade, inicialmente como camareiro e, com o passar do tempo, mostrando o meu trabalho e competência. Cheguei a assinar figurinos que me deram destaque na carreira.

A área artística em salvador, por ser uma área de praticamente compadres e comadres, as coisas só funcionam por indicação, o que quase nunca aconteceu comigo. E por ser novo no mercado, cada cliente era conquistado praticamente na unha, e em cada trabalho me esmerava mais e mais para mostrar que, além de gostar do que fazia e faço, sei fazer e tenho competência, o que me deixava confortável e confiante para aturar como um bom figurinista da cidade. Claro que tive milhões de desejos de trabalhar com diretores e artistas locais, envolvidos com grandes produções, afinal sempre gostei de desafios e crescimento, mas isso raramente foi possível.

Com minha saída do TCA, bateu um novo desespero sobre o que fazer, já que a minha cidade tão amada e querida, parecia não ter mais o que oferecer, profissionalmente. E eis que surgiu quase o êxodo da seca,  em que só me via realizado, trabalhando com o que gosto e crescendo, como pessoa e profissional, se saísse da cidade. Então fui surpreendido para voltar a trabalhar com figurinos, e em alguns Jobs, com maquiagem para publicidade. E é o que vem me sustentando junto com os não freqüentes convites para assinar figurinos para Dança, Teatro e música. No meio desse não tão novo já conhecido ambiente e ritmo de trabalho, exatamente no mês de outubro de 2014, sou convidado por uma emissora local a falar sobre o meu trabalho e processo criativo. Despretensiosamente, compartilhei as experiências e o cotidiano sobre o meu trabalho e dos meus processos criativos e  fui surpreendido em saber que fui escolhido, entre os novos melhores figurinistas do Brasil, revelado pela minha amada terra, que até então eu a subestimava.

Quero, como sempre quis, desbravar novos mercados e fronteiras, mas quero também poder dar pra minha cidade, o melhor de mim, seja como produtor ou figurinista, pois Salvador, A Cidade Baixa, é o meu lugar! E saber que posso rodar o mundo e ter sempre o meu lugar, é mais que importante, é confortante!!!

Com os colegas de "Como Manda o Figurino", quadro do programa Fantástico, Rede Globo

Com os colegas de “Como Manda o Figurino”, quadro do programa Fantástico, Rede Globo

*** Não perca a segunda e ultima parte da entrevista em breve, aqui no blog!!! ***

 

O meu ANTI-BLOG !!!

Categoria(s): | Publicado em: 9 de abril de 2015

Ai, gente, vocês estão com teeeeeeeempo? Quero desabafar.

Confesso que muitas vezes me sinto exasperada e pressionada  a me render a essa nova formatação “bloguistíca” de ser e ver. As blogueiras estão na moda, né? Tenho blog desde 2007, mas nunca tive um nincho específico. Não me vejo copiando Camila Coutinho, Camila Coelho, Taciele Alcolea… blogueiras brasileiras e tops que possuem milhares de seguidores. Eu, inclusive. Essas meninas arrasam e arrastam multidões !!! Eu adoooooooooooro !!! Acho massa o quanto elas entendem de tendências e compartilham com propriedade. Eu gosto de saber qual melhor tipo de maquiagem usar, mas esse negócio de “se maquie comigo”, “vejam meu look do dia”, “use isso em seus cabelos”… não é muito a minha praia. Tenho meu estilo. Posso compartilhar, por exemplo, a minha maneira de amarrar meus turbantes, que eu sei que manjo (e bem). Mas só como aperitivo, não como mote principal.

Quem quiser aprender a fazer um simples, tem tutorial no meu canal.

Meu blog sempre teve de tudo. Falo de tudo e de todos, de mim, dos outros, das coisas, tem entrevistas com colegas de arte… Não a toa o nome é UM ABADÁ PRA CADA DIA. É claro que a cada dia sinto a necessidade de me aprofundar mais em algum tema específico. E acho que encontrei o principal: CULTURA e COMPORTAMENTO !!! Livros, teatro, cinema, entrevistas, viagens… É claro que meterei o dedo em outras coisas, mas vou me aprofundar cada vez mais nisso !!!

Mas, agora, acompanhando minhas ultimas postagens, acendeu um sinal de alerta VERMELHO. FOCO, Patrícia. FOCO. Quem quiser vestir MEU ABADÁ e correr atrás do meu bloco, será muito bem vindo.

Sou Dessas... UMA MEIA PRA CADA PÉ... UM ABADÁ PRA CADA DIA !!!

Sou Dessas… UMA MEIA PRA CADA PÉ… UM ABADÁ PRA CADA DIA !!!

Além de tudo que já falei, estou há três meses morando em Hawaii, com milhares de possibilidades caindo em minha frente. Tenho muito para falar sobre aqui. Quero  e vou compartilhar com vocês !!! As ideias são muitas e as vontades também. Mas antes preciso arrumar a casa.

Vamos lá, então ?

Começando…

Ou melhor, PAU, que em havaiano quer dizer FIM. E é o PAU desse post-desabafo.

PicMonkey Collagepau

Até mais !!!