Tag: xuxa

REPRESENTATIVIDADE : PAQUITA PRETA?

Categoria(s): | Publicado em: 20 de julho de 2016

“QUEM NUNCA QUIS SER PAQUITA?”

Essa é a frase que mais a gente ouve quando lembra das meninas vestidas de soldadinhos, que trabalhavam com a apresentadora Xuxa Meneghel, em seus programas, nas décadas de 80 e 90. Pois é. A de cá também teve esse sonho básico. Ridículo? Claro! Cafona? Também. Mas tive, sim. A de cá desejou, inclusive, ter nascido loira, só pela chance de ter vivido naquele mundo. Acontece que a de cá também nasceu com a paleta calibrada, os cabelos crespos e numa realidade completamente distante disso. Porém, nada disso, felizmente, me fez uma criança triste. Pelo contrário. Só me transformou numa adulta que cuida para que as crianças negras de agora cresçam com outras referências. As suas referências. Com pessoas que as representem e a façam se orgulhar de si mesmas.

PAQUITAS... Todas juntas!

o  PAQUITAS… Todas juntas! Loiras, loiras e mais loiras

Ontem, encontrei o vídeo Cores e Botas, sobre Joana, uma menina que sonhava ser Paquita. Um belo filme, que retrata bem o que tantas passaram e ainda passam, quando não se veem e querem se inserir num mundo que também não as enxergam.

 

Cores e Botas (Colors & Boots) from Preta Portê Filmes on Vimeo.

Na minha época, negros na TV, não passavam da cozinha ou pertenciam ao folclore brasileiro. Eram Tia Anastácia, Tio Barnabé e o Saci do Sítio do Pica Pau Amarelo, os escravos de A Escrava Isaura e poucos outros no mesmo seguimento. Apresentadoras infantis? A maioria era loira. A única morena era Mara Maravilha. Mas a “cachaça” de todo mundo mesmo era Xuxa. Ela, sim, povoava o imaginário infantil. Com suas frases de efeito, canções, nave espacial, botas, xuquinhas, especiais de fim de ano e um séquito que nos fazia acreditar que aquele era o mundo perfeito. Todo mundo queria pertencer aquele sonho, fazer parte daquilo tudo.

As meninas “sortudas” que trabalhava com ela, eram todas loiras. E, quando entravam morenas, em pouco tempo, tornavam-se loiras também. Negras?! Nunca vi. Soube até de uma que participou de um programa fora do Brasil, mas nunca foi devidamente oficializada.

Todas as gerações... As que não eram loiras naturais, ficavam

Todas as gerações… As que não eram loiras naturais, ficavam

Eu preferia ficar ali, fantasiando, colocando toalha na cabeça, fingindo ser meu cabelo, comprando botas, discos e brincando de copiar as coreografias, colecionando fotos, reportagens, indo a shows, querendo estar próxima, mesmo sem estar. Eu até ganhei 6 meses de assinatura da revista em quadrinhos da Xuxa, por ter desenhando vários modelos para ela, num concurso promovido pelas editoras Globo. Na verdade, ganhei uma raquete e me mandaram a assinatura. O bom é que nunca parei de viver, nem me achei um lixo por isso. O babado era que as minhas referências eram loiras, os meus exemplos tinham os olhos claros, os cabelos lisos, a pela clara… Eu queria ser, queria ter, mas nunca me revoltei com o que eu era. Não que o meu fosse inferior, era aquele que me era vendido como O PERFEITO. E quem não quer “a perfeição”?

Venderam discos, fizeram comerciais...

Venderam discos, fizeram comerciais…

Se engana quem pensa que vim aqui falar que tenho raiva de tudo isso. Pelo contrário. Guardo como lição. E, como já anunciei, faço questão de tentar construir um mundo com mais referências para as crianças negras que estão chegando. Quero que elas encontrem a representatividade que eu não tive. Que se vejam, que se enxerguem, que se orgulhem. Que não precisem mudar para se adaptar. Que tenham orgulho do seu crespo, de suas tranças, de seu tom de pele, da cor dos seus olhos… Que sejam o que são, com dignidade e propriedade. Eu sou quem eu sou, porque, felizmente, tive pais empoderados que, apesar de terem me apresentado ao mundo numa época em que os meus não eram tão meus, em que as referências eram distantes das minhas, nunca permitiram que eu deixasse de me orgulhar de mim. Me criaram para me achar. E eu me achei. Apesar da demora. Tive que entrar na Faculdade, tive que estar em contato com muitas Patrícias, para finalmente me encontrar. Acho que até hoje estou me encontrando. Mas já sei quem sou. Tenho orgulho da minha paleta e não gostaria de ter vindo a esta vida de nenhum jeito que não fosse o meu.

Esse empoderamento é um processo árduo. Hoje, existem outras “Xuxas”, outras fórmulas que querem afirmar que não pertencemos a este mundo, embora estejamos nele. Hoje podemos ver mais negros na TV, no cinema, na vida, porque fomos nos impondo, nos colocando, fazendo “na tora” com que nos enxergassem. Agora “quem é que quer ser Paquita?”. Em 2016 nós queremos e precisamos mais é ser nós mesmos. A gente não precisa pintar nossa pele, nosso cabelo, nem se esconder atrás de sonho de ninguém, nem não pouco acreditar em frases feitas e hipócritas. TUDO PODE SER MESMO, mas NÃO PRECISAMOS de ninguém de xuquinha pra nos avisar. A gente sabe. A gente quer. A gente precisa É SER quem a gente É. E a gente vai. Sem favor.

Super pronta !!!

PRONTA !!!

Hoje temos Taís Araújo, Lazaro Ramos, Sabrina de Paiva (Miss São Paulo), Cris Vianna, Sheron Menezes, Érica Janusa, Érico Brás, Luiz Miranda, Fabrício Boliveira, Barack e Michelle Obama, Rihanna, Beyoncé, as blogueiras Tati Sacramento, Gabi Oliveira, Aline Custódio… E, graças a Deus, tantos outros dispostos e aptos para darem um up nessa nova realidade. Somos muitos. Os desafios são muitos também. Mas nós estamos, nós sabemos, nós queremos e não aceitamos mais que nos coloquem num lugar que não seja o nosso. Não que ser empregado seja indigno, não que a escravidão não tenha feito parte de nossa história, mas nós já estamos em todos os lugares. Mesmo que muitos ainda lutem para que não. Nós estamos. E não vamos mais voltar.

Muitos pretos, todos pretos, atores, cantores, modelos, miss, escritores, presidentes, advogados, bloggers, humoristas… Em todos canto !!!! #Vraaaaa PORQUE REPRESENTATIVIDADE IMPORTA, PORQUE REPRESENTATIVIDADE É ISSO. E tem mais, muito mais !!! Venha de lá !!!

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TAG : INFÂNCIA DOS ANOS 80 – SOU PLOC

Categoria(s): | Publicado em: 28 de abril de 2015

Acordei nostálgica !!! Sonhei muito esses dias com minha preta-mãe !!! Revi algumas fotos, relembrei alguns momentos…  Uia.

Aí, fuçando alguns blogs e canais no youtube, achei essa TAG massa e adaptei !!!

Vem comigo !!!


PERGUNTAS

1) Desenho animado Favorito
2) Banda ou Cantor Favorito
3) Programa de TV Favorito
4) Doce Favorito
5) Brincadeira Favorita
6) Loja Favorita
7) O que você assistia quando chegava da escola?
8) Brinquedos Favoritos
9) Tendência Fashion
10) Obejto Colecionável Favorito


Festa Ploc – Gaveta I – XUXA

Categoria(s): | Publicado em: 19 de outubro de 2014

Oi, gente !!! Tudo bom?

 

Esse mês, talvez por ser o mês da criança, me bateu uma nostalgia. Acho que também pelo fato de estar arrumando minhas coisas na casa da minha mãe. Momento desapego, sabe? Arrumando tudo: livros, discos, documentos… Achei tantas coisas, tantas memórias… Era tão feliz e não sabia. Ou sabia e não entendia. Ou entendia e não sabia. Whatever… Eu era feliz!!!

Aí peguei algumas coisas para fotografar, digitalizar e decidir o que fazer. Quantos discos !!! Muitos !!! Vou falar de alguns aqui.

Bom, não a toa o nome do post é FESTA PLOC. PLOC era o nome de um chiclete muito famoso na década de 80 e FESTA PLOC é o nome da festa, que surgiu no Rio de Janeiro, na verdade, um movimento de alguns artistas que fizeram muito sucesso nos anos 80 e que decidiram reviver tais momentos com shows para a galera saudosista. Esses shows fizeram tanto sucesso que decidiram viajar pelo Brasil. Aqui em Salvador já vieram 4 edições. Eu fui a duas. A primeira, para mim, foi a melhor. Lembro-me que teve Rosana, Silvinho Blau Blau, Afonso do Dominó, Inimigos do Rei… Muuuuuuuuuuito bom ! Pense aí !

A década de 80 foi muito fértil em termos de musicas. Pelo menos, eu acho. Do rock ao romântico, tudo tinha seu lugar. Eu era fã de muita gente e vou mostrar aqui alguns para vocês.

Xuxa surgiu para mim em 1986, quando foi para a Globo. Eu colecionava muitas coisas dela. Nas minhas arrumações achei muito material. Eu tinha pastas e mais pastas, com fotos, reportagens… Assistia o Xou da Xuxa todos os dias, quando não ia à aula ou aos sábados. Chorava com os especiais (Natal, Ano Novo, Aniversário…). O ultimo Xou foi terrível. Chorei demaaaaaais. Sou canceriana, emotiva, fazer o quê? Fui a todos os shows dela aqui em Salvador. Lembro-me que no da Fonte Nova, minha mãe, a mais deliciosa das criaturas, que fazia tudo por mim, nos levou até o portão do estádio e ficou do lado fora nos esperando. Nesse mesmo show, quando a gente saiu para reencontrá-la, ela estava dançando, feliz, esperando por nós. Minha mãe era tudo de bom! kkk

Bom, até hoje, Xuxa é diva, né? É louca, grande a toa, mas é diva. Tem meu respeito. Não sou mais sua fã, mas que ela tem luz, tem sim. Tem seu abadá, com certeza! Tive alguns discos dela, acho que uns TREZE, pelas minhas contas. SETE LPs (aqueles discos grandes que tocavam numa vitrola, que estão voltando hoje), CINCO CDs e UMA fita cassete.

Xou da Xuxa 1

Xou da Xuxa 1

O primeiro: Esse é o disco número 1 e foi lançado em 1986.

Esse disco foi um marco em minha vida. Foi o primeiro dela. Ganhei do meu pai dois anos antes dele partir. Era o que norteava o programa. Tinha as músicas “Amiguinha Xuxa” (que ela descia cantando da nave), “Doce Mel” (que ela se despedia), “Quem qué pão” (que ela convidava as pessoas para tomar o café da manhã), “Meu Cãozinho Xuxo” (que estava muito doente na época e ela chorava sempre que cantava), “She-Ra”, “Turma da Xuxa”, dentre outras. Até hoje, se essas musicas são cantadas em alguma festa, todo mundo grita e dança com alegria!

Xegundo Xou da Xuxa

Xegundo Xou da Xuxa

O “Xegundo Xou da Xuxa” foi lançado em 1987. Esse tinha “Festa do Estica e Puxa”, “O Circo”, “Campeão”, “Nós Somos o Amanhã” (eu chorava com essa música, aff). Dancei muito na rua com minhas amigas.

Xou da Xuxa 3

Xou da Xuxa 3

“Xou da Xuxa 3” surgiu em 1988. Esse também foi emblemático e marcou gerações. Tinha a famosa “Ilariê” (quem não sabe até hoje essa coreografia?), “Brincar de Índio” (dançada a coreografia dessa musica na escola e ensaiei também as meninas menores da minha rua pra uma grande apresentação na quadra onde a gente morava kkkk), “Abecedário da Xuxa” (Ô memória boa!), “Arco-Íris” (sabia a coreografia também “Vou pintar um arco íris de energia, pra deixar o mundo cheio de energia”)… Um dos melhores discos, com certeza!!!

4º Xou da Xuxa - Imagem retirada da internet

4º Xou da Xuxa – Imagem retirada da internet

O “4º Xou da Xuxa” foi lançado em 1998, eu tinha em fita cassete e não consegui achá-lo. Sei que está em algum lugar, porque jamais teria jogado fora. Esse disco também era especial. Ápice de Xuxa! Tinha “Tindolelê”, “Bobeou, Dançou” (teve até um programa de jogos que ela apresentava, com esse nome, que passava aos domingos, lembram?), “Milagre da Vida” (Chorei muito com ela, foi bem na época do show na Fonte Nova que minha mãe me levou)…

Xuxa 5 - imagem retirada da internet

Xuxa 5 – imagem retirada da internet

O “Xuxa 5″ é de 1990, bem quando algumas Paquitas (aquelas da Xuxa que se vestiam de soldadinhas) foram substituídas. Esse eu tenho em CD. Nele tem “Lua de Cristal”, a musica mais emblemática de Xuxa (Tudo pode ser, se quiser será, sonho sempre vem pra quem sonhar”). Quantas vezes a gente não cantou a plenos pulmões? Era Xuxa de lá e a gente de cá. A musica também serviu para o filme de mesmo nome, estrelado por Xuxa e Sergio Malandro, que fez muuuuuuito sucesso naquela época! Além dessa musica, tinha “Trem Fantasma”, “Pinel Por Você”, “O Boto Rosa”… Lembranças boas também!

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Xou da Xuxa Seis

Disco de 1991. Também era bom! Tinha “Hoje é Dia de Folia”, “A Dança do Coco” (gostava demaaaaaaaaaisxxx!), “O Xou da Xuxa Começou”… Só boas lembranças!

Xou da Xuxa Sete

Xou da Xuxa Sete

Xuxa sempre foi aquela pessoa que um mundo cor de rosa, só com coisas frufrus… E a gente realmente embarcava nisso. Não era fanática, mas gostava do que via. Nesse disco de 1992, tinha “Marquei um X”, “A Vida é Uma Festa”, “Nosso Canto de Paz”. Eu estava quase no aa adolescência nessa época. Adolescente nessa época era mais inocente, gostava e era feliz com coisas bobas. A gente não tinha internet e estava tudo certo. Não se pode querer o que não se sabe que existe, né?

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Esse disco saiu em 1993, quando o Xou da Xuxa já tinha acabado. Foi a partir desse que comecei a me desapegar. As musicas não era tão, tão… conhecidas. Tinha em “Direito dos Baixinhos”, talvez a mais popular. Para mim foi a capa mais bonita das que tenho, embora não seja a que eu mais goste.

Sexto Sentido

Sexto Sentido

Lançado em 1994, foi bem o do momento funkeira de Xuxa. Tinha “Hey DJ”, “Pipoca”… Foi o ultimo LP que tive dela. Depois disso, só alguns CDs. Era Xuxa ficando mais abestalhada.

Depois desse ainda comprei os CDs “XUXA – Luz do Meu Caminho”, “Xuxa – Tô de bem com a vida”, XUXA 10 anos” (em homenagem aos 10 anos dela na Globo), e encerrei  com “XUXA – BOAS NOTÍCIAS“. Parei porque já tinha passado da hora. Até hoje Xuxa lança discos, agora mais para os baixinhos, como ela mesma diz. Confesso que tenho, sim, orgulho do que vivi e de ter sido tão abestalhada. Eu era feliz, pura e cheia de fantasias. E sei exatamente quando elas acabaram. E me arrependo de tê-las deixado para trás de forma brusca, ao mesmo tempo que fico feliz, por elas terem ficado bem e terem sido responsáveis pela Patrícia que sou hoje.

Muita gente diz que Xuxa não cresce e que está envelhecendo mal. Eu discordo. É claro que tem muuuuuuuuuuuuuita coisa que ela faz que não me agrada. Mas admiro, sim, o que ela se tornou. Uma pessoa que não tem medo nem se ser abestalhada. Isso é bom também, embora alguns tenha uma visão deturpada do que é melhor para cada um. Mas sou da turma que prega o “É tempo de murici, cada um que cuide de si”. Xuxa cuida. De si, dos outros e não precisa pedir licença para ninguém”. Defina abestalhada, defina normal… Depois a gente conversa.

Beijo.