“A saída é o gringo”?!
Aí desde que a pessoa chegou aqui nas terras do Tio Sam, tem recebido algumas mensagens dizendo que a melhor coisa que fiz foi ter conseguido um gringo e ido embora do Brasil. Comentário tosco, né? No mínimo adolescente. Tudo bestagem. Tem gente que realmente pensa que toda brasileira que sai do país com um amor estrangeiro enxerga nisso a única maneira de crescimento de vida. Ok. Tem mulher que realmente pensa isso. É livre. E nada de errado. É a vida de quelé.
Me espanta que a gente ainda tem a cabeça tão no tempo em que as mulheres eram criadas para casar e procriar, encontrar um “bom partido” e garantir o futuro. Tem gente que realmente acha que a mulher é a presa e o homem é o predador. Que não existe a menor possibilidade das contas, dos planos serem compartilhados e não somente organizados pelo homem. Uia. Ninguém pensa que ela pode estar querendo estudar, crescer, viver outras coisas, conhecer outras pessoas… Ainda tem aquele pensamento estereotipado e mesquinho sobre os estrangeiros. “Vou me dar bem!”. Como se também todo gringo fosse rico, doidos pra comer carne brasileira. Uia.
E tem mais: Sair do Brasil não significa a única saída e voltar não significa fracassar. Não saí fugida, desiludida ou me agarrando em uma tábua de salvação. Amo Salvador !!! É breada, mas é minha terra. Mas acredito também que o mundo é imenso e cheio de coisas a serem desbravadas. Aqui é realmente outro lugar, outra cultura, outros acessos, outras oportunidades, mas não é rota de fuga.
Sabe aquela velha história de metas? De escrever num caderninho as coisas que você quer ainda fazer na vida e começar realmente a fazê-las? Pois bem. É mais ou menos isso. Comecei. Sem aquele papo “a la Bridget Jones”. O que antes era inconsciente, deixando a vida levar, se tornou prioridade. É claro que tem muito a ver com a partida de minha preta-mãe. A gente corta drasticamente o cordal umbilical. Decidi. Comecei. Isso quer dizer ganhar muitas coisas e perder muitas outras.
E sem essa de suprir as expectativas alheias. Sem esse blá, blá, “Quando vai ter filhos?”, “Por que não monta aí uma loja de açaí ou de prancha de surf?”, “E o casamento?”… Essa baboseira de gente que a gente não pergunta nada, mas que adora se meter na vida de “quelé”. Pois é. Quelé não quer. Quelé não deixa. kkk HastagPartiu e é todo mundo seguindo aquele velho e bom ditado sábio: “É tempo de murici, cada um que cuide de si”.
Porque respeito é bom e todo mundo gosta.