8 de outubro de 2015

Sua vida daria um livro?



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Está rolando uma crise básica com a de cá. A começar pela de CRIATIVIDADE. Muitas ideias, muitos questionamentos, mas pouca prática. Estou naquele momento em que preciso parar, resetar e recomeçar. Ok. Vamos lá. Me fazendo um carinho.

Dizem que todo mundo tem que experimentar na vida plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro… Em que grau você está? Hummmmmmmm Eu até já plantei umas plantinhas, mas não sei se viraram árvores. Não tenho filhos e até já escrevi algumas coisas, mas nunca investi nisso. Ou seja, momento de organizar o baba. Vou começar a pensar. Se eu quisesse realmente investir em escrever livros, sobre que eu gostaria de falar? Biografia? De quem? Minha? Nem pensar. Sua vida daria um livro? Acho que sim, né? Toda vida, acredito. A minha, com certeza. Mas ainda assim, deixo para compartilhar só algumas (e pouquíssimas) coisas aqui no blog mesmo.

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Pra começar, minha mãe só me teve oito anos depois de casada, sem nunca ter evitado engravidar. O médico, inclusive, disse que eu era um mioma.  Olha só o tamanho do mioma !!! Não a toa tenho Aparecida no nome. De lá pra cá, muitos abadás… Vida quase normal, perdi meu pai ainda criança, me mãe nos levou na cara e na coragem, me formei em Processamento de Dados, fui presidente de fã-clube de artista quase desconhecido, passei Escola de Teatro, me tornei atriz, criei um blog, escrevi em coluna de site de TV, me tornei produtora, e assim fui fazendo por merecer o título de um abadá pra cada dia !!! Sou mesmo. Aliás, todos somos. #EuAcho. Uns com mais clareza, outros com menos, uns com mortalhas, outros só de camarote, mas cada dia é um dia de desfile, cada dia é um circuito, cada dia é uma atração…

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Já falei algumas vezes: Sou atriz, produtora, blogueira e… maluca !!! E quando cheguei à Faculdade era um poço de timidez. Não olhava nos olhos dos professores, dos colegas, todos queriam me proteger, corria de cenas importantes, detestava me expor (contradição ou medo de errar?)… e o fato de ter que contracenar com colegas do alto escalão do teatro baiano me intimidava (e muuuuuuuito)… Só tinha gente FERA na turma !!! Era massa, mas era puxado. E assim fui levando, me jogando… Até que um dia me retei.

Quando vejo as pessoas me dizendo que tenho cara de mulher resolvida, independente, extrovertida… kkkkk Me acabo de rir. Será mesmo? Até que ponto aquela Patrícia se foi e essa outra a engoliu? Ou será que a que foi nunca existiu? Ou as duas existem cada uma em seu momento? Resolvida eu até sou, de certo modo, em alguns pontos… Pelo menos, tento. Maluca, maluca, mas tento. Com defeitos, qualidades… Maluca, maluca, mas vou. Me jogando.

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Também isso BRASILEIRA, NORDESTINA, BAIANA e NEGRA. Adooooro tudo isso. Mesmo. Mas volta e meia me deparo com coisinhas chatinhas de quem “não adora tanto” e agora mesmo estou num momento “trabalhada em muita coisa pra assimilar”. Numa semana ter que lidar com preconceito de gente dizendo que “negra que se relaciona com gringo faz por interesse, sonhando com a vida de princesa pra depois cair do cavalo, porque todo gringo só quer preta pra fazer sexo e depois descartar”, na outra, é branco de banda quase desconhecida afirmando em revista teen ultrapassada que “trança no cabelo só serve pra esconder cabelo ruim” e pra fechar o pacote, um vídeo sobre as perspectivas de um belga e um angolano sobre a vida em SC, onde o angolano (negro) num depoimento revelador e impactante diz que “ser negro é muito bom, mas não desejaria ser negro brasileiro e preferia que o tivessem matado ao nascer”. Verdade? Mentira? Várias. Muitos socos, poucas medidas. Mas parada não dá mais pra ficar. Estou incomodada. De verdade. Primeiro, porque não acho que que a gente deva fortalecer esse estereótipo de “princesa atrás de príncipe”. Nós, mulheres, estamos na luta há tempos e só besta não sabe que nós só queremos ser amadas. E se não rolar acompanhada, rola solteira também. “Felicidade se acha em horinhas de descuido”. Basta ficarmos atentas. O mesmo digo sobre essa bestagem de cabelo ruim. Não temos, não queremos, lá ele. Nosso cabelo é crespo. E é massa. E trança só nos fortalece e agrega. Mas se a gente tiver que soltar a juba, a gente solta, balança… e quem quiser (e aguentar) que segure. Agora em relação ao que o rapaz angolano disse, apesar de, infelizmente, ter concordado com muita coisa que foi dita, não me arrependo de ter nascido negra e brasileira. Difícil é, duro é. Mas vumbora !!! Estamos aqui. Somos parte disso tudo. VAI TER NEGRO, SIM. Hoje, amanhã e sempre.

          

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O fato é que estou em Hawaii, há quase um ano em Hawaii, dois anos após perder um dos maiores amores da minha vida (mamis), já livre do encantamento inicial e cheia de expectativas e constatações, vendo um Brasil de fora, um Estados Unidos de dentro, brigando com o inglês o inglês, redescobrindo o português, sedenta e de frente com uma nova Patrícia. Quem é essa? Vamos lá. Good question.

Fico passando um filme em minha cabeça sobre minha vida. Meus ganhos, minhas perdas… Tenho até um orgulhosinho de mim, sim. Ora, pois, pois. Meti a porra na porta e me joguei mesmo. Nem tão nova, nem tão velha. Estou aqui. Achada e perdida. Estou aqui.

Mas dizem que faz parte. Quem “diz que” seria fácil? Quem é que “diz que” mesmo, hein? Ai, ai…

Por que estou falando sobre isso aqui? Porque REALMENTE é algo me fez e faz pensar. Porque essa semana decidi parar, me refazer, me reorganizar. Estou completamente desorganizada. Não adianta a gente me enganar e enganar. Acho que, às vezes, perco a chance de dizer as coisas que penso e o que sou. Talvez, por isso, achem tantas coisas sobre mim que não concordo. Gosto de lidar de frente com os meus monstrinhos, mesmo que eu me pique correndo depois…

É isso. E é o que tenho pra hoje.

Mentira, que aqui o dia está só começando e eu vou ali na praia, me encher de vitamina D, ler um livro, colorir minha vida e tirar foto pra botar no facebook. Apenas.

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