11 de outubro de 2011
Capitães da Areia ?
Acho Capitães da Areia um dos melhores livros de Jorge Amado, com uma narrativa instigante, poética e envolvente. A história dos meninos de rua de Salvador, liderados por Pedro Bala, que viveram na década de 30 e que cometiam meninices, malandragens, roubos… fez arte da minha vida bem no ápice da minha adolescência, quando passei a ler finalmente “livros de gente”.
A montagem teatral da obra, realizada pela Companhia Baiana de Teatro, dirigida Por Fernanda Paquelet e Lelo Filho, foi um dos espetáculos mais lindos que vi nos palcos baianos. Os atores eram incríveis e a narração de Maria Bethânia era simplesmente maravilhosa !!! Toda vez que me lembro fico arrepiada.
Sei que sou suspeita pra falar, sou amiga de quase todos os envolvidos, mas acredito que muitas pessoas compartilham desse pensamento !!! Aqueles capitães, agora “marechais” (;-) arrasam na pele de Pedro Bala (Igor Epifânio), Pirulito (Nilson Rocha), Professor (Jarbas Oliver), Volta Seca (Psit Mota), Boa Vida (Francisco Píton), Grande (Fabrício Boliveira), Gato (Alan Miranda, depois Vinícios Nascimento), Sem Perna (Ricardo Fagundes)… apesar de, na época, já terem passado (e muito) da fase infantil. Assisti trocentas vezes, além de ter feito parte da equipe técnica, numa turnê pelo interior do Estado.
Tudo isso me voltou à cabeça a semana passada, quando fui assistir a pré-estreia do filme Capitães da Areia no cinema. Com direção de Cecília Amado, neta de Jorge, poderia classificar a obra como um ótimo vídeo clip de Carlinhos Brown, por quem eu tenho imensa admiração artisticamente falando, e que pega o filme e coloca no bolso. A trilha sonora é TUDO DE BOM !!! A gente se arrepia e se envolve o tempo todo !!! Só não posso dizer o mesmo das interpretações dos protagonistas. Nunca pensei que pudesse dizer isso, porque não gosto muito dos relatos de alguns colegas que já tiveram experiências com ela, mas faltou uma dose de Fátima Toledo na receita. Nessas horas a gente entende que o trabalho que a famosa Toledão fez com os meninos de Cidade de Deus tem o seu lugar. Ao assistir a cena em que a personagem Dora morre, após prevaricar com Pedro Bala, é brochante. Na história, ele só percebe que a menina jaz quando acorda, pela manhã. Pois não é que o menino sacudindo a menina para acordá-la não desperta nem a pessoa com o sono mais leve da face da terra? Imagine dead people !!! Ela não voltaria nem como fantasma. Whatever…
As imagens são lindas, a trilha é um espetáculo, Salvador linda como há muito não vejo (FORA, JOÃO HENRIQUE), mas os “capitães” estão mais para “marinheiros de primeira viagem”. Talvez a diretora acreditasse que os veteranos segurassem a onda, sei lá, mas a verdade é que não deu. Dou um suuuuuper desconto para os garotos que fazem Professor, Gato, Boa Vida e Dora (essa toda trabalhada no sotaque suuuuuuuuuuuuuper carioca de Ipaneeeeeeeeeeeema em plena Salvador da década de 30). Tá valendo, eles estavam bem, pelo menos, em algumas cenas.
Sei que é cruel comparar, nem vou, inclusive, porque acho que não foi um erro de escolha de elenco. Talento até existe, mas, para mim, faltou diretor ou preparador de ator. Além do mais, isso é um “achismo” meu, principalmente, porque conheço a obra de trás pra frente. Whatever de novo.
Por outro lado, valeu reencontrar os capitães de Jorge, personagens tão significativos na minha adolescência, recuperados pelo espetáculo teatral e releembrados agora com o filme. Além disso, é um filme bonito de ver e prestigiar. A gente sente seriedade e comprometimento. E, felizmente, assim caminha o cinema nacional. Cada dia mais digno de salas cheias. Simbora !!!
Novo parágrafo, outra coisa importantíssima (para mim): Foi só ouvir os tuntuntuns e pra ca tuns de Carlinhos Brown pra timbaleira que há em mim se manifestar e desejar ansiosamente pela chegada do carnaval. Tem coisas que só um timbau ou timbaleiro tem condições de fazer. Simbora, minha timba !!! Simbora, minha porra !!!
Fico por aqui toda trabalhada na “CRÍTICA” de cinema. Whatever final. Ponto.
Trailer

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Adorei ver sua face crítica de cinema, Paty!
Estou morrendo de saudades! Ainda anda pro Cajazerias City?! Vamos nos encontrar…
Concordo com seu comentário sobre o filme Capitães da Areia! A cena em que Dora morre falta mesmo direção… dava para ver o sangue pulsando na jugular da menina! Mas, como você disse, tem coisas belas também…
E VIVA O CINEMA NACIONAL!!!1