Por conta de business, estou tendo que remexer minhas memórias. Confesso que não acho ruim, não. Acho, inclusive, uma ótima forma de terapia. Rever coisas e perceber que estão longe de você, cada dia mais no passado, cada dia mais distante, cada dia mais resolvido. Poderia até ser motivo de vergonha, mas não são. Pelo menos, daquele tipo que a gente não quer lembrar. A vergonha é outra. É do tipo : “Por que você isso e por quem ? Que queimação por tão pouco…”
É claro que quando falo isso, estou me referindo a relação amorosa, né ? Não tenho em meu currículo muitos ex. Sou canceriana, gosto de romance, quero pra vida toda… E ainda sou do tipo que quer ser amiga de todas as pessoas que passaram pela minha vida, independente da relação. É claro que nem sempre isso é possível.
Pra começar os ficantes. Nunca entendi essa história de “ficar” com alguém num dia e no outro fingir que nem existe. Acho tão infantil. Entendo que foi só uma “ficada”, mas sou civilizada o suficiente pra dizer “Oi ! Tudo bom ? Até mais !” e seguir. É questão de educação mesmo. Como podemos trocar fluídos num dia e no outro parecermos dois estranhos ? Por isso, não curto “ficar”, apesar de concordar que tudo tem seu lugar, sua fase e sua necessidade.
Em relação à romance, que eu super curto, quando chega o fim “Ok”, sigamos, mas sem necessidade de inimizade. Para mim, o fato de as duas pessoas partirem para caminhos diferentes não o torna inimigos. É claro que cada caso é um caso, cada início é um início e cada fim é um fim, mas quanto mais civilizado, mais tranquilo.
Já fiquei sem falar com um ex-namoradinho de uma amiga porque ele foi péssimo com ela. Ele era até legal comigo, mas guardei mágoa. Um dia encontrei ele na Concha, num show de Gal, ele veio todo sorridente falar comigo. Tentei ser simpática. “Tudo bom ? Agora passe que eu não vou com a sua cara”. E o menino passou, PASSADO. Ahhhhhhhhhh, me deixe !!!
Tenho um ex-namorado, que hoje é meu amigo, apesar de nos vermos raramente (ele é do mundo, não mora aqui) que quero ter contato pro resto da vida, independente de como e com quem estejamos. Não temos mais nada, foi-se, passou, estamos em outra, mas temos muito respeito pelo outro. Somos amigos e pra mim isso é muito. Nesse rol só os grandes.
Em contrapartida, tenho outro, que nem namorado foi (um affair tumultuado e tortuoso talvez), que acredito que nunca será meu amigo. No máximo uma cachaça, uma risada… Mas amizade, amizade de jeito nenhum. Não posso ser amiga de quem me fez mal. Não tenho mais raiva, passei por todas as fases : esperança, desespero, desilusão, raiva e finalmente nada. PASSOU. Consigo até rir de tudo. E riu mesmo. Me divirto. Riu de tudo que fiz, de cada momento vexame, que de certo não vou mais repetir.
Lembro-me de uma vez, o cara, que não morava em Salvador, me mandar uma mensagem no celular “Sorria, eu estou na Bahia”. E eu, apaixonada e maluca, ligar e ele não responder… No outro dia, no mesmo horário, a mesma mensagem, seguida de “Red River”… Aí o que a maluca faz ? Se pica para o Rio Vermelho. Isso sem deixar de antes beber uma dose de cachaça (a la Angela Ro Ro ou Alcione). Eu estava com raivazinha daquele jogo, mas não queria perder a chance de vê-lo. Quando nos encontramos ele fingiu que estava tudo normal (e pra ele estava, esse era o jogo). Quis me levar pra onde ele estava hospedado e eu ao invés de dizer “Não vou porque estou chateada com o seu joguinho, apesar de estar louca por você”, disse que não iria porque não estava a fim. Chamei meu taxista-amigo e me piquei pra casa. Isso tudo seria um “bom fim” para minha maluquice se eu não tivesse me arrependido e ligado pra ele. Falei tanta besteira, disse tanta balela, no final pra resumir tudo, larguei um “FULANO, MEU CU!!!” e bati o telefone na cara. Tudo lindo, revigorante, e um grande final se eu não tivesse me arrependido novamente e ligado pra ele again, again, again… até ele desligar o aparelho e me deixar mais oca e com ressaca moral.
Quando acordei de manhã, tomei daqueles banhos de novela, que a pessoa se molha da cabeça aos pés e desce escorregando pela parede, chorando, querendo lavar a alma. Depois disso, os joguinhos continuaram e a abestalhada de cá sempre passional, passiva, com medo de perder… O quê ? Oi ? Isso ainda durou um tempo, até que decidi me desintoxicar (é esse o termo), fazendo questão de entender que estava no meio de uma maluquice, que era minha e que eu precisava me curar. Fazia questão de saber todas a verdades, de ouvir os amigos (como sofreram meus amiguinhos com meus inúuuuuuuuuumeros desabafos), de assumir meu estado, de entender que era fase, de encarar como uma dor de barriga que passa, de me compreender dentro de tudo, de rever minhas necessidades, de não pular etapas… Até que um belo dia acordei, ui, liguei o botão do FODA-SE, joguei pro universo e (hã ?!)… Ganhei um presente lindo : o meu amor recíproco e saudável. Tranquilo, sem desespero, com troca, respeito, cumplicidade, relacionamento, amor, que quero assim para todo sempre, amém. E o principal: Sem me perder de mim. Porque, meu bem no dia que me achei, tive a certeza de nunca mais me deixar escapar. Simples assim.
Axé.
Amar bem dá sorte, sim. Mas o melhor de tudo é entender que ninguém morre por não ter uma relação. A gente morre de mau amor, má relação, principalmente, conosco. Não tenho raiva, pelo contrário. Tudo me serviu. Olho pra trás, riu com meus amigos (é bom lembrar pra não repetir) e me pergunto “O que foi maluca? Por que tudo aquilo ?”. E conto as histórias com alegria. Principalmente, porque fazem parte de um passado, que se Deus quiser não voltará jamais. Experiências são só experiências. O que fica é a lição que a gente aprendeu com elas. E a minha foi puxada. Uia.
Acho queimação gente que não se resolve, não entende o fim como fim (quando o seu sentimento não é recíproco) e fica no pé, expondo o outro, colocando fotos íntimas na roda (como o ex da tal BBB), ou fica ameaçando de morte, contando podres, chantageando, perdendo o controle. É preciso entender que, apesar de tudo, a maluquice é nossa. “Ninguém faz com você o que você não permite”. Por isso, nunca é demais se cuidar.
Acredito que é possível, sim, ser amiga de ex, mas é impossível manter amizade com quem nos fez mal. Uma cachaça, um desejo de boa sorte, algumas palavras trocadas pelo tel ou pelo email, duas gargalhas e tá tudo certo. Portão C e se piiiiiiiiiiique !!! De certo.