8 de outubro de 2013

Memórias de uma nova órfã…



O título é meio dramático, né? Mas é isso. Finalmente. Hoje, dia 07 de Outubro, após 37 dias, tive a coragem de finalmente escrever aqui. Na verdade, estava juntando coragem. Para mim, ainda estou vivendo um pesadelo e a qualquer momento vou acordar. Perdi minha mãe. Isso é tão forte. Mãe não deveria morrer. Mãe é sagrada. Chegou o momento desse ritual. Mais um.



Meu pai partiu quando eu tinha quase 13 anos. Foi forte. Meu pai É o meu herói. Mas sempre tive minha mãe pra me abastecer de amor. Minha guerreira, minha She-Ra. Rôxinha, meu pacote, era intensa, era guerreira, não era de cair por besteira, era intensa, amorosa, bem humorada (que humor!), fazia a gente rir. Quando se descobriu doente, me ligou e disse: “Vi o resultado do exame, parece que é ronca, viu?”. Fomos lá e enfrentamos juntas. Ela nunca desistiu da vida. E foi lutando, como um touro. E foi dormindo, porque se estivesse acordada, não iria. Sinceramente, nunca achei que ela fosse embora, apesar de temer e apesar de saber que todo mundo vai.

Após mais de um mês., para mim, a pior parte, além da saudade que aumenta a cada dia, e das BURROcracias DESnecessárias, é ter que administrar o luto alheio. São as pessoas tocando na ferida, são as pessoas querendo saber como e porquê, são as pessoas falando sobre coisas tristes. Minha mãe É alegria. O momento de perdê-la já é triste, não precisa potencializá-lo. O curioso é quando alguém me liga, sabe aquela frase num fio de voz “Paty, como você está?”, esperando que eu esteja arrasada? Aí a de cá tem que cavar essa personagem pra satisfazer a expectativa de terceiros. É puxado, viu? Administrar o luto alheio é PHODA. Mas eu entendo também que o luto não é só meu. Ela era queridíssima. Estou triste, sim. Estou juntando os caquinhos, curando a ferida… Mas não estou derrubada. Minha mãe sempre me preparou pra esse momento. Não só dizendo que um dia iria, mas com sua força, sua determinação (sempre acreditando que ficaria bem… e está), sua fé. Ela vivia pela fé e pelo amor. E são esses dois ingredientes que me fazem seguir. Eu vou sobreviver. Eu vou continuar. Não me permito cair, pela mãe que eu tive e porque tenho fé, tenho alegria, tenho amor e, principalmente, porque sou filha deles. De certo, os dois estarão sempre de lá, cuidando de nós, protegendo e tentando nos guiar pelos melhores caminhos.

Não é fácil se perceber órfã nessa altura de minha vida. De repente não tenho pai, não tenho mãe… Ou pelo contrário, perdi os pais, mas ganhei dois anjos protetores. De repente, tenho os dois juntos, num outro plano, num outro momento. Agora, aqui, somos eu e minha irmã. Não me sinto só. Tenho ela, tenho meus amigos, tenho minha família, tenho uma avó, tenho meu “amor recíproco e saudável”, tenho uma vida pela frente. E por eles, meu papai e minha mamãe, se Deus quiser, ainda serei muito feliz. Só tenho que ter paciência pra entender que essa dor não vai embora hoje, nem amanhã, mas ela vai. E quando ela for, quem sabe, eu compreenderei muitas coisas.

Sigamos. Fortes e cheios de fé.

Fique em paz, Meu Pacote. Fique bem com meu Duí. Fiquem com Deus.
Amo vocês para sempre. Obrigada por serem meus pais. 😉

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