17 de março de 2012
O tempo passa…
Dia desses reencontrei um vizinho, da época de adolescência, e vi em carne e o osso o retrato da passagem do tempo. Aquele mesmo cara que aos olhos de 10 entre 10 adolescentes da rua era O GALÃ, digno de novelas e filmes americanos, com sua beleza apolínica, agora tinha que aturar o mais cruel desaplauso. Tomei um susto e pensei o quanto o tempo costumava ser cruel com alguns. As pessoas mudam muito, assustadoramente.
Lembrei-me também de pessoas que nem precisam desse tempo para se desaplaudir. “Cai da laje” sem muito esforço, basta um desamor, alguns litros de cachaças, outros litros de lágrimas derramadas, mais uns quilos de anti-depressivos e… UI. Cadê ?
Para outras pessoas, ao contrário, esse tal tempo é generoso, é eficaz, é divino. Tem gente que só melhora, só acrescenta… Cada fio de cabelo branco é simbolo de vitória, cada ruga é sinal de um degrau avançado…
Eu não tenho medo do tempo. Inclusive, sem modéstia alguma, acho que ele é meu amigo. Fico me olhando no espelho, lembrando dos meus feitos, da Patrícia de hoje, da Patrícia de ontem, das coisas que vivi, que escolhi viver, que insisti, desisti… e só tenho a agradecer. Não falo só de idade, não. Falo da maturidade, principalmente. É fato, não é conto de carochinha, que quando a gente passa dos 30 as coisas mudam. Uma ressaca vem outra sensação. Duas doses e os olhos abrem de outra forma. A pele sente os fenômenos da natureza de outro jeito. A velocidade do resultado dos exercícios praticados numa academia vem lenta e torturante… Cadê? Cadê? Cadê?
Mas o mesmo tempo que tira, dá. E o que ele dá é infinitamente melhor do que supõe os nossos pensamentos mais superficiais a respeito dessa passagem.
Tudo isso consegui ver em minutos. Nos minutos mais lentos dos últimos tempos. Meu vizinho-ex-gato na minha frente e eu só conseguindo enxergar uma carcaça infeliz e descartável. Não pela passagem do tempo e sim pela passagem da vida supostamente esboçada em seus traços decadentes.
“Compositor de destinos
Tambor de todos os ritmos
Tempo tempo tempo tempo
Entro num acordo contigo
Tempo tempo tempo tempo…”

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