ABADÁ DE SETEMBRO – LIVROS
Afff… Estou cheia de livros para dar conta, mas minhas tarefas andam me afastando deles. Rolando uma básica dispersão. Então resolvi organizar o baba e fazer uma triagem em minha estante.
Estes são os de SETEMBRO:

EU SOU PRETA E DAÍ?
Não tenho nenhum problema com isso. Pelo contrário. Favor não economizar na tinta. SOU PRETA MESMO. Pretérrima, tiziu, quase azul e adooooooooooooooro !!! E me recuso em pleno 2014 ter que pedir licença pra ser o que eu realmente sou. PRETA, NEGRA… “Me chame de neguinha e eu decido se me derreto ou se te processo”.
Muito melindre pra entender que somos isso e muito mais. Como não achar bestial ter que falar sobre isso nos dias atuais? Cor? Raça? Acredito que nem os primatas perdiam tempo blablando sobre. Mas ok. Se é pra falar, vamos falar. E quem não quiser respeitar as diferenças por bem, vai ter que fazer por mal.
Ontem saiu a sentença e o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) decidiu pela expulsão do Grêmio da Copa do Brasil por conta dos atos racistas de muitos torcedores contra Aranha, o goleiro do Santos. Muito pesado excluir? Claro. Mas é assim que a gente funciona. Tem que ser uma punição EXEMPLAR. Agora o debate está aberto. O que antes era tratado como “coisa de poucos”, agora é oficial. O RACISMO EXISTE. E nem sempre é disfarçado. Muita gente gosta de dizer que ele, O RACISMO, não existe. Mas só que é açoitado sabe a dor que isso causa. Agora é o momento de assumir TUDO. Que o RACISMO existe e que o problema é deles, OS RACISTAS, e não nosso.
É claro que já fui discriminada, é claro que que já chorei e senti por isso. Mas nunca neguei quem eu sou e o meu valor. Já ouvi vários xingamentos, desde o “nega preta do bozó, não toma banho, só passa pó” à crianças perversas me chamando de mula. Dizer que isso nunca me afetou é bobagem, mas também nunca me paralisou.
O que mais me afetou foi quando há alguns anos atrás estava na Faculdade de Teatro e, como exercício, fiz uma cena num projeto, que acontecia todas as segundas-feiras, aberto ao público. Na cena, eu era uma empregada que, na ausência dos patrões, sofria um assalto e na esperteza fazia o ladrão ser preso. Acontece que um aluno, inconformado por eu fazer uma doméstica, foi pra sala de aula chorando e dizendo ter visto uma cena horrível. A professora, que também era Coordenadora da ONG onde eu trabalhava, convocou uma reunião às pressas no outro dia, juntamente com outras coordenadoras e todos vieram me questionar. Falaram a história do menino e fez um paralelo a do negro, desde a sua chegada no navio negreiro, e depois me perguntaram se eu já tinha sido discriminada alguma vez na vida. Eu disse que “SIM” e quando eles me perguntaram “QUANDO E COMO?” eu disse “NAQUELE MOMENTO”. Falei que não achava indigno fazer uma empregada, que ninguém ali acompanhava minha carreira, que eu não fazia só isso. No final, me disseram que eu era rasa, sem conteúdo e precisava me aprofundar em minhas questões. Oi? Foi ali que eu comecei a perceber que existiam várias formas de escrevidão, de discriminação… Para eles só interessava se eu tivesse “complexo de senzala”. Como não compactuava com aquilo, inventei uma desculpa e saí de lá.
Anos depois, quando entrei numa farmácia para passar uma chuva, vindo da academia, um segurança veio atrás de mim, dizendo que “alguém tinha dito que achava que eu tinha roubado algo”. Detalhe: O dito me seguiu até perto de minha casa e me pediu pra olhar minha bolsa. Depois que ele viu, me pediu desculpas. Fiquei tão passada. Voltei à Farmácia, que é a maior rede de drogarias de Salvador, falei com a gerente, fiz um escândalo e fui dar queixa na polícia. É claro que todo mundo quis que eu esquecesse isso. Mas como esquecer se a ferida estava aberta? “Quem apanha nunca esquece”. Resultado: Entrei na justiça, deram sumiço no tal segurança, alegando que ele nunca existiu e até hoje isso rola na justiça. Se acontecesse hoje, eu faria um escândalo maior e chamaria a atenção de todos. Isso não pode ser esquecido. É muito humilhante, mas é preciso ser inibido.
Na faculdade, eu era muito tímida e durante as aulas eu meio que me escondia. Talvez inconscientemente eu tinha lá meus traumas. Mas quando estava no meu ultimo ano, uma professora me fez recortar materias e observar Gisele Bündchen. Era o momento que a modelo despertava para o mundo, sempre esguia e atrevida. Ela me pediu para usá-la como inspiração. Resultado: Botei um mega hair e, como um estalo, comecei a me impor mais na vida. Momento que a gente entende que existem MESTRES e mestres. Eu nunca vou esquecer essa lição. E sempre que me sinto intimidada, me lembro dessa professora e de Gisele. É, infelizmente, naquela época, eu não tinha ícones negros de renome para me espelhar. Então, fui de Gisele mesmo. E foi massa !!!
Essa nova geração está chegando com um bom movimento. A sociedade já não está mais tolerante com a discriminação. Muita gente racista, mas também muita gente no combate. Essa semana muitas coisas aconteceram. A torcida do grêmio xingando Aranha de MACACO; a menina negra que foi execrada no instagra por ter colocado uma foto com o namorado branco; o rapaz confundido com um ladrão no Salvador Shopping, a jornalista que precisou prender o cabelo com uma borracha de dinheiro para tirar a foto do passaporte, porque o “sistema” não aceitou… É muita coisa, é muita maluquice.
Eu realmente tenho muito orgulho de mim. Admiro meus antepassados, tenho enorme afeição pelo candomblé e os seus ritos, adoro meus cabelos, sou uma divulgadora eterna dos torsos na cabeça, os bicos na cara e não admito que me desrespeitem.
EU SOU PRETA, sim. E não vou usar maquiagem pra que ninguém me aceite. Simples assim.

Dirty Dancing
“I’ve had the time of my life” ou em português “esta é a chave da de minha vida”
Ahhhhhhhhhhh, esse filme me levanta, me faz ter vontade de viver, de sonhar e acreditar. Me alegra como poucos!
Me lembra minha adolescência, quando eu tinha pai e mãe (saudades disso)… Reviver uma adolescência, uma infância… repletos de fantasias… cheiro, atmosfera… Com juizo e sem juizo, principe, encanto, desencanto…
Me faz ter vontade de aprender inglês, de cantar inglês… Me desperta a vontade de reviver tanta coisa…
A história de amor de Baby, interpretada por Jennifer Grey e John Ray, interpretado pelo saudoso e lindo Patrick Swayze é um dos filmes que eu mais amo ! Tudo se passa numa colônia de férias, onde Baby e sua família vão desfrutar alguns dias e lá, ela conhece John, um dos animadores do local, com quem aprende os prazeres de uma dança altamente envolvente e sensual.
Assisti aquele final da dança trilhões de vezes ! No DVD, no netflix… Hoje revi na Sessão da Tarde… uma saudade !

Sylvia Day, minha nova amiga de infância
Há alguns dias eu postei aqui que Sylvia Day, autora dos best seller Toda Sua, Profundamente Sua e Para Sempre Sua, que era a trilogia Crossfire e virou “quin” estava chegando ao Brasil.
Sou muito fã dos livros dela. Já comprei outros depois (Amigo Secreto, Um Toque Vermelho, Irresistível e Desejada), mas me decepcionei com a demora dos outros dois livros (“diz que” os ultimos da série Crossfire) e parei de comprar. Decidi fazer greve.
Mas, seguindo conselhos do meu “amor recíproco e saudável” decidi ir a Noite de Autógrafos do novo livro da maluca, O Incontrolável, que faz parte da coleção que também tem Obstinada e Desejada . Essa coleção é romance de época, mas não é uma trilogia, embora tem algumas coisas em comum. Por conta de uma exigência lá da editora Universo dos Livros, precisei comprar esse exemplar, pois ele precisava estar entre os livros autografados. Achei suuuuper pressão, mas ok. Já li algumas páginas do prólogo. Confesso que o excesso de nomes, sobrenomes e apelidos me confudiram um pouco. Mas vou ler primeiro pra resenhar sobre ele aqui.
Aí, na sexta-feira, dia 29, me desbanquei para a Saraiva do Salvador Shopping (longe da minha casa) decidida e curiosa para saber quando finalmente o livro seria lançado. Mesmo não sendo um livro dessa editora, a autora dele estaria lá (whatever…) e era o que importava para mim. Muitas pessoas falaram que ela não falaria sobre isso, mas ela que não respondesse. ai, ai… Seria, no mínimo, deselegante e cínico. Não necessariamente seria eu a perguntar, mas sabia que alguém o faria e eu estaria lá para saber. Como canceriana típica, a curiosidade já estava me matando.
Peguei a pulseirinha 27 (voltando à adolescência, ô desaplauso), dei uma volta pelo shopping (não entendo porquê o Salvador Shopping ainda não me conquistou, ele é completo), peguei o livro Bolsas, Beijos e Brigadeiros (falarei sobre ele mais pra frente, num outro post) e esperei o momento.
Enfim… A maluca chegou atrasada, mas quando chegou a hora, larguei todo meu inglês com ela. Perguntei e ela gentilmente respondeu. O 4º LIVRO DA SERIE CROSSFIRE SAIRÁ EM DEZEMBRO DE 2014. Primeiro sairá em USA e depois aqui no Brasil. Percebi que ela resolveu jogar a responsabilidade definitivamente para a editora. Disse um “EU ACREDITO”, “EU ACHO” e seguiu. Bem simpática, inclusive. Nunca pensei que me sairia tão bem no inglês. Acabou que meu foco mudou. Virei a FELIZ PORQUE FALEI ENGLISH !!! Amigas de infância. Falamos sobre meu esmalte (estava usando um verde bandeira), meu perfume, o fim de semana, enfim… Arrasei!!!
Engraçado, é muito estranho esse negócio de tietagem, né? Vi aquelas meninas nervosas, gritando, um rapaz que disfarçou fingindo que passava por ali por acaso, mas logo percebi que ele saiu especialmente para ver dona Day, as mães companheiras, a representante da editora mandando todo mundo gritar, o fotógrafo metido a engraçado… estranho, porém divertido, principalmente, quando se está de fora assistindo. 😉
E agora nos resta a espera até Dezembro para finalmente reencontramos Gideon e Eva. Ui.

Bolsas, Beijos e Brigadeiros
Fui apresentada a esse livro quando fui à Saraiva na Noite de Lançamento do livro Incontrolável de Sylvia Day. Como já deu pra perceber, gosto dos livros dela. Eu nem iria, estava FURIOSA com Sylvia, já que esperava ansiosa e há tempos a continuação do que seria a Trilogia e virou a “Quilogia” Crossfire. Mas meu “amor recíproco e saudável” praticamente me obrigou. Alegou que era o momento de chamar ela na “xinxa” e perguntar: “Cadê?”. Fui.
Enquanto esperava a hora, fui fuçando os livros expostos na loja. Então me deparei com essa surpresa. Um agradável surpresa, inclusive. Entendi ali o porquê dessas tardes de autógrafos serem no meio da livraria. Puro golpe. Aí a pessoa compra o livro da pessoa da tarde de autografo e mais um monte que te agrada.
Bolsas, Beijos e Brigadeiros de Fernanda França, me tomou de primeira. A começar pela capa, liiiiiiiiiiiiinda, com desenhos do big ben, da torre eiffel… miudinhos, fazendo referência à pontos turísticos da Europa, um computador, a foto de uma mulher ruiva teclando nele, brigadeiros espalhados em algo que parece uma cama, que me chamou a atenção de imediato. Depois pela sinopse (adooooooooro comédias românticas!) e foi essa a minha impressão. Mas depois fui percebendo que era muito mais do que uma história de romance açucarada. É uma história para quem gosta de viajar, tanto no sentido real como no literal. Me deu vontade de conhecer as outras obras da autora.
O livro fala da viagem de Melissa, uma jornalista especializada em diário de viagens, pela Europa de trem, onde conhece a parte italiana (Peppe e Giusi) de sua família, com quem viaja, desbravando os pontos turísticos de cada lugar. Nessa aventura, também vai Daniel, amigo que ela conheceu quando viajou de carro pelos Estados Unidos (tema do livro anterior Malas, memórias e marshmallows. Ela é apaixonada por Theodoro, um fotógrafo misterioso também especializado em viagens. Mel, como é carinhosamente chamada pela maioria, vai ganhar ao mesmo tempo uma irmã e uma sobrinha.
Se eu pudesse definir o livro com uma frase dele diria: “Enquanto o homem planeja, Deus ri”. E é exatamente isso que acontece, a partir das surpresas já vem mesmo antes de começar, já que no livro a mãe e a cunhada dela já aparecem grávidas e o namorado já sumido. Terei que ler o livro anterior para saber como tudo isso começou. Só acho que do meio para fim começa a ficar enrolado. Dava tranquilamente para terminar antes. É muita explicação, é enrolação. Em resumo: O enredo não se sustenta. A história da menininha que é apaixonada pelo cara, que como muitos, some sem grandes explicações não é nenhuma novidade. É sempre um trauma de infância ou um trauma de amor vivido por alguém que o fez sofrer. Muda, cacique! Acho sinceramente que ficou faltando uma pitada de picardia ou sei lá, algo que não me fizesse pedir para que acabasse logo. Confesso que, por muitas vezes, tive preguiça de continuar. Mas também não é nenhum fim do mundo. O livro é bom, mas não é sensacional. Como disse, ele vai indo bem até que… volta, volta e volta.
Gostei do fechamento inusitado dado a alguns personagens, mas ainda assim acho que para mim faltou novidade, algo que prenda de verdade, que faça a gente ter vontade de correr logo pra casa ou leve na bolsa pra ler.
Mas quero deixar claro que essa é a minha opinião. De qualquer forma, vale a leitura para você tirar suas proprias conclusões. Já baixei Malas, memórias e marshmallows e é claro que vou ler. Inclusive, tenho uma lista de livros para ler. Passou da hora de dar conta.
“Let’s go, Daniela!”
