Encerramento da primeira temporada de OLORUM, fechamento de inscrições em editais, ensaios de SOB TODOS OS OLHARES… De repente um friozinho na barriga, uma vontade de fazer pumpum (atenção, crianças poderão ler este post), uma agonia, pouco tempo para arrumar as malas, curtir minha família, mas finalmente o grande dia que me deparar com o mito EUA chegando. Uia. Confesso que nunca sonhei conhecer a famosa terra do Tio Sam, apesar de ser consumidora dos filmes. Tinha preconceito mesmo. Aquela história de que todo americano se acha, sabe ? Mas idealizava New York. A primeira vez que fui a São Paulo e me vi as sete da matina na Avenida Paulista, julgava que as duas cidades tinham algo em comum. Ok. Mike me despertou esse desejo de romper esse preconceito e ir lá desabafar com Obama.
Depois da imigração, toda trabalhada no suco de laranja…
Após pagar uma facada pelo visto, que nada mais é do que uma folha de papel colada ao passaporte que dá acesso ao desconhecido, comprei a passagem. O homem do consulado só faltou me perguntar qual era a cor da minha calcinha (ops, crianças poderão ler este post). Mas acho que foi com a minha cara. Perguntou para onde eu iria e, cínica, respondi : “Orlando. Quero passar meu aniversario na Disney”. Ele me olhou de cima pra baixo e perguntou : “Quantos anos você tem?” E eu: “35” com o subtexto “Por quê? O que é?”. Mas não me atrevi. Emudeci, ele tacou meu passaporte lá na caixa dos aprovados e me desejou boa viagem. Fiquei com vontade de perguntar : “E você? O que está fazendo no meu país? Quem te deu o visto ?”. Mas emudeci again, fiquei com o dixote nos olhos, dei um sorriso, agradeci e me piquei.
Agora estou aqui em pleno voo, rumo finalmente ao desconhecido mundo. Estou bem feliz, porque, além de estar com o meu gato, indo conhecer a terra dele, vou poder descansar (acho), conhecer outra cultura… A poltrona da American Arline é um pumpum (Hã?), a viagem é longa, está sendo muito cansativo, está até rolando uma dorzinha de cabeça… A comissária deu um lanche de prima-pumpum (uma caixa de suco de laranja e dois (dois, dois, dois, dois…) biscoitos doces. Não resisti, olhei com cara de : “Cadê o verdadeiro lanche, sua rapariga?”. Menino, uma das comissárias é babado. Acabou de brigar com uma brasileira porque esta quer os dois tipos de jornais oferecidos. Detalhe : A comissária é da Espanha, fala português, mas a brasileira só fala inglês. Maluca, acho que porque vai aos Estados Unidos esqueceu o português. Ichi, a comissária se retou. Retrucou um : “Eu não deveria era ter oferecido”. Uia. Outro detalhe : Eu tenho os dois tipos de jornais. Fazer o quê, né? Ao contrário da brasileira-americana-cínica, eu sou simpática. 😉
Menino, desde que peguei o avião em Salvador, toda vez que desço para uma conexão, tenho que responder ao mesmo questionário : “Desde que você fez o check in alguém te entregou alguma coisa?” “Onde ficou sua mochila desde que você saiu do check in?”, “Comprou alguma coisa fora das lojas do aeroporto?”. Eu deveria gravar as respostas num gravador e só apertar o “PLAY”. Mas, ok. O melhor vai começar.
Aeroporto de Miami. A pressão já começa no avião. As ditas fichas que precisam ser preenchidas e entregues na imigração. Me separo de Mike e agora é cada um por si. Seja o que Deus quiser. Vontade de fazer pumpum (uia) latejando. Mas agora não, sua maluca. Aguenta aí. Procuro o guichê com uma pessoa feliz, simpática e que tenha aparentemente acordado com bom humor. Achei. Ichi, e demora, e demora… Decido responder em português. Ele que se vire no espanhol. Na hora do nervoso vai que ele me pergunta uma coisa e eu respondo outra? Não. Melhor não arriscar. Terei muitos dias para treinar my english. Ele me pergunta para onde vou e eu : “Connecticut”. “O que vai fazer lá ?” “Férias e celebrar meu aniversário” “Em Connecticut?! Why?” E eu no inglês mesmo: “Why? Why?”, ele “Ok”, emudeci, entreguei o endereço, ele me fez mais algumas perguntas e me liberou. Passei por outras pessoas, outras perguntas, algumas grosserias. Um cara olhou pra mim e perguntou em espanhol, quase português: “Por que os EUA ?”. Por favor não deixem as crianças lerem esse trecho. Pensei : “Ai, meu c… Porque não conseguia fazer pumpum no Brasil e vim pra cá atrás de outras latrinas”. Mas respondi cínica : “Porque é me sonho”. kkk, Ai, ai. E ele perguntou: “Você tem dinheiro ? Quanto ?” E eu só consegui dizer: “Tenho”.
E depois passei outros lugares, cachorro cheirando malas, passando pelo raio X, gente grossa… O medo é : E se cismarem comigo ? E se sumirem comigo? E se o cachorro me morder ? Aff… Até pensei que fosse pior, mas não é divertido, não. O consolo é que não é só comigo, não é só com brasileiro… é com todo mundo, inclusive, com os americanos. Perguntaram pra Mike o que ele estava fazendo no Brasil e por quê ? Ele também respirou fundo para não meter um “Vá se lascar. Esse é o meu país”. Mas até entendemos. E a verdade é que eu estava mais ou menos preparada. Meti uma camisa com a foto do Mickey (sim, cada qual com os seus golpes), pedi uma carta convite, rezei e pensei no mantra : “Isso não é pessoal, isso não é só comigo, é o trabalho deles…”. A gente tem que ponderar também que há quase 11 anos milhares de sonhos foram destruídos por um atentado que mudou o mundo, né?

Bye, bye, Miami…
Outra coisa : Não achei os EUA tão organizados assim e confesso que isso me aproximou mais, quase me senti em casa. Pensei : “Ok, eles são gente de carne, osso e… medo”. Por exemplo, quando íamos despachar nossas malas para New York, alguns trabalhadores do aeroporto pediram pra gente jogar num carro, tudo muito rápido… Me senti numa feira livre. Billy jean (estranho, hein?). Pensei que não veria mais minhas roupas, meus cremes… Não nos deram nenhum recibo, só um “Conexão ? Jogue a mala aqui !”. Ok, obedeci. Muito louco.
Agora, passado o momento tenso, estou aqui, recheada de boas vindas, gentilezas, atenção, com meu inglês torto mesmo, esquartejado, de bebê… mas super me jogando. As pessoas me escutam, me respondem, me ajudam… Os americanos são educados, sim, mas são práticos e fiéis as regras. Uma coisa que gosto muito é do amor que eles tem pelo país deles, pela forma que impunham a bandeira, que respeitam os limites dos outros. Tem pretos em todas as partes, ninguém me confunde com Angolana. Aqui sou mais uma, apesar de ser única. Não me olham com cara de ET. De certo, Uma mistura disso com a informalidade e a espontaneidade brasileira e teríamos o país perfeito. Taí, vou voltar. Gostei do que vi e do que vivi.
Cos Cob / CT
E pra registrar. Só no primeiro dia gastei U$ 100,00 na Victoria Secret e na Mac. Se eu pudesse voltaria ao aeroporto só pra dizer para aquele senhor que me perguntou quanto eu tinha, que o que possuía era o suficiente para contribuir para a economia do país dele. Aqui sou gringa, linda e bicuda. Estou amando, mas super volto para o meu Brasil, cheia de histórias boas pra contar, aventuras nunca antes vividas, mas volto. Billy jean. Whatever…