15 de julho de 2013

Sylvia Day é doida?



Eu sempre gostei de livros que misturam romance e mistério, mas nunca dos melosos e agressivos. 50 tons de cinza achei chulo, não consegui ir muito adiante. Isso nada tem a ver com o conteúdo erótico. Disso eu até gosto. A abordagem que para mim foi rapadura, ao invés de açúcar mascavo. 

Sou louca por uma livraria. Tenho mais de 10 livros em minha casa que ainda não consegui começar, mas enfim… Dia desses, bisbilhotando uma dessas book store da vida, uma capa me chamou a atenção: TODA SUA (por que não?), de Sylvia Day. Li a sinopse e comprei pra ver qual era. Normalmente, uma pessoa veria na net, receberia uma indicação… Mas eu não. Primeiro,comprei, depois investiguei. Vi que estava bombado nos Estados Unidos, muitos críticos julgando melhor que a trilha lá dos tons e ainda tinha como cenário minha  New York querida. Nada mais estimulante. Resolvi me jogar e não deu outra: Terminei em dois tempos. Só não foi mais rápido porque a de cá precisa trabalhar pra comprar mais livros e outras coisitas. Mas devorei muito rápido cada página. O livro é realmente instigante. Uma espécie melhorada e remasterizada de Sabrina, Júlia e Bianca, tempero que a canceriana que vos escreve cai de quatro. Adorei. Forte, envolvente, protagonistas cativantes, bem escrito, enfim… Fiquei com gosto de quero mais.O que era perfeitamente normal, já que fazia parte de uma trilogia. A dita Crossfire.


O enredo é sobre Eva e Gideon. Ele, um executivo bem sucedido e extremamente sedutor, ela, a mocinha que chega à New York com um amigo para refazer sua vida  e se recuperar de fantasmas do passado. Aí vem mais clichê: Eles se encontram, se apaixonam e vivem uma história pra lá de caliente. Isso mesmo. O livro é erótico, por muitas vezes, nos permitindo ficar sem ar. Não tenho problema nenhum com clichês, desde que sejam bons e não me chamem de idiota. Aí na mesma cadência vem o segundo PROFUNDAMENTE SUA (lá ela), só que com mais mistério, mais aventura, com direito a assassinato e beijo de Eva num ex. O segundo me pareceu o melhor. Porque além dos ingredientes bons presentes no primeiro, ainda tinha esse tom de “o que vai acontecer a seguir?”. E sempre uma surpresa, um bom desenrolar. Aí, é claro, todos nós ficamos ávidos pelo terceiro e “último”.

E eis que ele vem. Mas para minha decepção não é o último. A maluca que escreveu, sem grandes explicações, “diz que” ainda tem mais. Ok, que teria mais eu já sabia. afinal, ninguém terminaria uma história tão sem graça daquele jeito. Eu ela não terminaria nem um capítulo. Ridículo. Chama todo mundo de imbecil. Fiquei furiosa. Mesmo. Sinceramente. E, além de tudo, esse último me deixou profundamente irritada. Os outros mostraram personagens estereotipados, mas muito próximos da verdade. Os clichês eram perfeitamente aceitáveis. Mas em PARA SEMPRE SUA (o coelho) Eva se tornou uma espécie de “a bambam bambam”, o mundo girando em torno, todo mundo atrás, todo mundo com inveja, a mãe dela (uma senhora que se separou do pai dela por este ser pobre) cada vez desequilibrada, o amigo gostosão cada vez mais surtado, o ex-namorado astro do rock emergente ensandecido atrás dela, a ex-namorada de Gideon caindo no batido “ele não me quer, me encho de compridos e tento o suicídio”, uma repórter ex-pega dela, que cai de paraquedas e por ter sido desprezada fica na obsessão de destruir sua vida… Ou seja, um bando de gente tantan e uma história mistura de Agnaldo Silva com Manoel Carlos, Carlos Lombardi e Walcyr Carrasco. Ou seja, ACABOU. E detalhe: Com o pior de cada, é claro. Tanta culhuda que até constrange. Aí os dois se casam e quando você fica feliz pensando que acabou mesmo, aparece a mãe do cara, cheia de um ódio que você não sabe de onde nasceu. Aí, é claro, acrescentamos a isso uma pitada de Sófocles, a la Jocasta. É quando a maluca que escreveu “diz que” tem mais livros, que a trilogia deixou de ser três para ser cinco. Ou seja, propaganda enganosa.

Tá doida? Sabe quanto tempo perdi nessa palhaçada? Esperei janeiro pelo segundo, junho pelo terceiro, agora vem me dizer que tem um quarto e um quinto de algo que já  deu o que tinha que dar? Que nada. Nunca gostei de protagonistas. Sempre me interessei mais pelas antagonistas. Achava as mocinhas chatas, melosas e senhoras da razão. Mas quando vi Eva cheia de traumas e atitudes humanas, vi ali a possibilidade de ver algo interessante. Neste ultimo, essa Eva é exatamente a pessoa de quem sempre corri. A que julga, a que está certa sempre, a ansiosa, neurótica, insegura, a detalhista, quase uma Camila de Laços de Família.  Isso sem falar que a história é machista, machista. Quero não, tá boa? E a pergunta que não quer calar: Sylvia Day é doida?

Vou ali ler uma revista em quadrinho que eu ganho mais.

Pra quem quiser perder tempo, eis a capa do terceiro.



Pra bom entendedor: CROSSFIRE. 😉
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