CADA UM TEM A PATRÍCIA QUE MERECE!

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MUITOS ABADÁS

8 de setembro de 2014

Acaba, Dona Eleição !!!

Eu, ao contrário da maioria, até acho massa a gente discutir política. Ainda mais nos dias de hoje, tão recheados de corrupção e gente querendo virar político pra ter “profissão”. Mas está ficando chato. As pessoas não conversam, não se ouvem. Só ameaçam, ironizam, desfazem, ridicularizam, xingam… Quem não compartilha da mesma opinião que ela. É ridículo.

Um monte de gente grande falando besteira, pensando besteira, julgando-se acima de tudo e de todos por conta de seus ideais. E se a ideia é convencer o colega de que o seu candidato é o melhor, o efeito está sendo o contrário. De birra, de raiva… Ouvi muita gente dizer que agora não vota mesmo. Aí eles falam: “Façam isso, no final, quem vai se estragar são vocês”. Não é não. Se o voto for realmente equivocado, todos nós estaremos fritos. Então, que tal o usar a sabedoria e convencer com os argumentos ao invés de ameças?

Tá muito chato ver tanta gente brigando. É pra ser positivo, é pra melhorar nosso futuro, embora eu considere nosso presente sem boas opções. Fazendo operação pente fino não fica um. Vontade de chorar. E o pior é ver tanta gente que não sabe de nada também se candidatar. Dá um medo, um desespero. Política é compromisso, é vocação… Fonte de renda é outra coisa.

Ai, acaba. Acaba logo, Dona Eleição !!! Devolva nossos amigos !!! 🙂

 

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8 de setembro de 2014

Morando sozinha

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Estou morando há dois meses sozinha. Tem tempo de validade, graças a Deus. Mas é o que tenho pra hoje. Um quarto e sala do meu tamanho. Nunca morei realmente só. Sempre morei com minha família, depois dividi com amigos e, por ultimo, com meu namorado.

É estranho e, ao mesmo tempo, desafiador chegar em casa e não encontrar ninguém. Ter que revistar as coisas milhares de vezes antes de sair (Sou dessas de voltar em casa na duvida de ter trancado a porta). É um exercício diário não sentir solidão, ter vontade de cozinhar… O shopping tem sido meu amigo. Vou lá, entro na Saraiva, leio livros, compro um sorvete e volto pra casa andando. Gosto de andar, de sentir o vento na cara, de olhar o mar por vezes, de tomar um açaí… É uma higiene mental ótima.

Agora também me deparo com a ARTE (é uma arte) de tentar comer bem. Não é frescura. Tenho me sentido empachada, como se tivesse comendo muita merda. Acho que os chocolates das madrugas estão fazendo efeito. E minhas compras tem sido homeopáticas, porque não tenho quem carregue minhas compras e tudo que compro é só pra mim.

É, tem gente que goste de morar sozinha, de ter seu espaço… Eu não. Até gosto de ficar algumas horas em silêncio, comigo mesma, lendo, vendo TV, mas morar DE JEITO NENHUM. Já deu. E se Deus quiser, logo, logo vai passar. Ai, Tempo…

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5 de setembro de 2014

“Essa negra quer se dar bem com o gringo”

Pode parecer um texto forte, mas corresponde ao pensamento da maioria das pessoas machistas e racistas quando veem uma mulher negra com um homem branco. Muitas vezes não sabem nem a nacionalidade ou até sabem… O que importa é destilarem seu veneno.

É como se toda mulher precisasse de um homem pra se dar bem e toda mulher negra precisasse de um homem estrangeiro. Isso é o que, infelizmente, é vendido lá fora. “As brasileiras são fáceis, é só mostrar a carteira”. Só que não. Nem todo mundo assim. E mesmo que fosse, “é tempo de murici, cada um que cuide de si”.

O meu namorado é americano e volta e meia ouço um “Ah, vai se dar com o gringo, né, danada?”. Não. Pelo menos, não do jeito que sua mente de cocô imagina. Primeiro, porque existem gringos e gringos. E o meu namorado não pertence a essa corja que vem ao Brasil pra mostrar a carteira. Segundo, porque não preciso de homem pra sobreviver. Nos completamos, somos parceiros e OS DOIS SE DERAM BEM. Desculpa aí, mas além de tudo isso, somos muuuuuuuuuuuito simpáticos, amáveis e gostosos.

Dizer que isso não me irrita seria a mais pura mentira. Me irrita, sim. Me irrita, me irrita. E muito. Não me muda, não me deprime, mas me irrita. Aí o jeito é trabalhar com a queimada e com o bico. É isso.

E tenho uma cartela de respostas. A preferida vem nos versos do meu amado Cortejo Afro: “Eu sou Preta. Trago a luz que vem da noite/Todos os meus santos também podem lhe ajudar/Basta olhar pra mim pra ver porque é que a lua brilha/Basta olhar pra mim pra ver que eu sou preta da Bahia”.

O resto termina com o dito da “filosofa” Vanessa Popozuda: “Beijo no ombro pro recalque passar longe”.

Whatever…

Axé !!! 🙂

Mike e Patí

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5 de setembro de 2014

ABADÁ DE SETEMBRO – LIVROS

Afff… Estou cheia de livros para dar conta, mas minhas tarefas andam me afastando deles. Rolando uma básica dispersão. Então resolvi organizar o baba e fazer uma triagem em minha estante.

Estes são os de SETEMBRO:

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4 de setembro de 2014

EU SOU PRETA E DAÍ?

Não tenho nenhum problema com isso. Pelo contrário. Favor não economizar na tinta. SOU PRETA MESMO. Pretérrima, tiziu, quase azul e adooooooooooooooro !!! E me recuso em pleno 2014 ter que pedir licença pra ser o que eu realmente sou. PRETA, NEGRA… “Me chame de neguinha e eu decido se me derreto ou se te processo”.

Muito melindre pra entender que somos isso e muito mais. Como não achar bestial ter que falar sobre isso nos dias atuais? Cor? Raça? Acredito que nem os primatas perdiam tempo blablando sobre. Mas ok. Se é pra falar, vamos falar. E quem não quiser respeitar as diferenças por bem, vai ter que fazer por mal.

Ontem saiu a sentença e o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) decidiu pela expulsão do Grêmio da Copa do Brasil por conta dos atos racistas de muitos torcedores contra Aranha, o goleiro do Santos. Muito pesado excluir? Claro. Mas é assim que a gente funciona. Tem que ser uma punição EXEMPLAR. Agora o debate está aberto. O que antes era tratado como “coisa de poucos”, agora é oficial. O RACISMO EXISTE. E nem sempre é disfarçado. Muita gente gosta de dizer que ele, O RACISMO, não existe. Mas só que é açoitado sabe a dor que isso causa. Agora é o momento de assumir TUDO. Que o RACISMO existe e que o problema é deles, OS RACISTAS, e não nosso.

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É claro que já fui discriminada, é claro que que já chorei e senti por isso. Mas nunca neguei quem eu sou e o meu valor. Já ouvi vários xingamentos, desde o “nega preta do bozó, não toma banho, só passa pó” à crianças perversas me chamando de mula. Dizer que isso nunca me afetou é bobagem, mas também nunca me paralisou.

O que mais me afetou foi quando há alguns anos atrás estava na Faculdade de Teatro e, como exercício, fiz uma cena num projeto, que acontecia todas as segundas-feiras, aberto ao público. Na cena, eu era uma empregada que, na ausência dos patrões, sofria um assalto e na esperteza fazia o ladrão ser preso. Acontece que um aluno, inconformado por eu fazer uma doméstica, foi pra sala de aula chorando e dizendo ter visto uma cena horrível. A professora, que também era Coordenadora da ONG onde eu trabalhava, convocou uma reunião às pressas no outro dia, juntamente com outras coordenadoras e todos vieram me questionar. Falaram a história do menino e fez um paralelo a do negro, desde a sua chegada no navio negreiro, e depois me perguntaram se eu já tinha sido discriminada alguma vez na vida. Eu disse que “SIM” e quando eles me perguntaram “QUANDO E COMO?” eu disse “NAQUELE MOMENTO”. Falei que não achava indigno fazer uma empregada, que ninguém ali acompanhava minha carreira, que eu não fazia só isso. No final, me disseram que eu era rasa, sem conteúdo e precisava me aprofundar em minhas questões. Oi? Foi ali que eu comecei a perceber que existiam várias formas de escrevidão, de discriminação… Para eles só interessava se eu tivesse “complexo de senzala”. Como não compactuava com aquilo, inventei uma desculpa e saí de lá.

Anos depois, quando entrei numa farmácia para passar uma chuva, vindo da academia, um segurança veio atrás de mim, dizendo que “alguém tinha dito que achava que eu tinha roubado algo”. Detalhe: O dito me seguiu até perto de minha casa e me pediu pra olhar minha bolsa. Depois que ele viu, me pediu desculpas. Fiquei tão passada. Voltei à Farmácia, que é a maior rede de drogarias de Salvador, falei com a gerente, fiz um escândalo e fui dar queixa na polícia. É claro que todo mundo quis que eu esquecesse isso. Mas como esquecer se a ferida estava aberta? “Quem apanha nunca esquece”. Resultado: Entrei na justiça, deram sumiço no tal segurança, alegando que ele nunca existiu e até hoje isso rola na justiça. Se acontecesse hoje, eu faria um escândalo maior e chamaria a atenção de todos. Isso não pode ser esquecido. É muito humilhante, mas é preciso ser inibido.

Na faculdade, eu era muito tímida e durante as aulas eu meio que me escondia. Talvez inconscientemente eu tinha lá meus traumas. Mas quando estava no meu ultimo ano, uma professora me fez recortar materias e observar Gisele Bündchen. Era o momento que a modelo despertava para o mundo, sempre esguia e atrevida. Ela me pediu para usá-la como inspiração. Resultado: Botei um mega hair e, como um estalo, comecei a me impor mais na vida. Momento que a gente entende que existem MESTRES e mestres. Eu nunca vou esquecer essa lição. E sempre que me sinto intimidada, me lembro dessa professora e de Gisele. É, infelizmente, naquela época, eu não tinha ícones negros de renome para me espelhar. Então, fui de Gisele mesmo. E foi massa !!!

Essa nova geração está chegando com um bom movimento. A sociedade já não está mais tolerante com a discriminação. Muita gente racista, mas também muita gente no combate. Essa semana muitas coisas aconteceram. A torcida do grêmio xingando Aranha de MACACO; a menina negra que foi execrada no instagra por ter colocado uma foto com o namorado branco; o rapaz confundido com um ladrão no Salvador Shopping, a jornalista que precisou prender o cabelo com uma borracha de dinheiro para tirar a foto do passaporte, porque o “sistema” não aceitou… É muita coisa, é muita maluquice.

Eu realmente tenho muito orgulho de mim. Admiro meus antepassados, tenho enorme afeição pelo candomblé e os seus ritos, adoro meus cabelos, sou uma divulgadora eterna dos torsos na cabeça, os bicos na cara e não admito que me desrespeitem.

EU SOU PRETA, sim. E não vou usar maquiagem pra que ninguém me aceite. Simples assim.

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