3 de novembro de 2013

Eu era feliz e não sabia ?!



Apesar de todos os grandes micos é na adolescência que a gente guarda os maiores e melhores sonhos. A gente já compreende um pouco sobre a vida e já tem planos para o futuro. É claro que essa compreensão nem sempre é a melhor e esses planos quase sempre se transformam em outros. O fato é que compreendemos, planejamos e sonhamos.
Quando eu era uma simples teenager não fui de arroubos revoltosos. O máximo que consegui transgredir, diante de uma mãe deliciosamente parceirona, foi depilar e colocar água oxigenada em minhas pernas sem fios. Além de usar absorvente, mesmo quando nunca tinha menstruado, na esperança de torna-me finalmente mulher. Estava com pressa.
Fora isso, meu mundo era de sonhos. Sonhava em ser artista, sonhava em ser Paquita (mesmo preta, nunca achei empecilho, mas também nunca tentei), sonhava em ser amiga de Xuxa e, principalmente, do cantor Marcelo Augusto.
Lembro-me de um dia ter mandado uma carta pra Fábio Assunção, na época da novela Vamp e outra pra Marcelo, pois acompanhava o programa Viva Noite de Gugu e o achava um cantor bonitinho. Eis que um dia recebo uma resposta de Marcelo (a de Fábio até hoje… lururu). Anos depois, descobri que uma fã era encarregada de respostar as cartas de todas as outras. O que pra mim nunca foi problema. Já achava legal o fato dele incumbir alguém de dar atenção aos seus fãs. Em minha cabeça era muito claro: queria ser sua amiga íntima. E virei mesmo. Não tão íntima, mas virei. Essa relação com Marcelo me ajudou muio a fincar os pés no chão. Num momento crucial, de limite entre a admiração e o fanatismo, essa “relação” me fez escolher pelo possível. Além da possibilidade de encontrar amigas pra toda vida, além do próprio, pois precisava compartilhar coisas com pessoas que comungassem de igual admiração. Foi aí que encontrei minhas amigas de longa data Bia (Rio), Lu (São Paulo), Roberta e Renata (BH) e Carla (Pomerode). Logicamente, hoje em dia não sou fã de mais ninguém. Acho cafona, inclusive. Mas não crucifico as teens-tietes. Faz parte. Todo mundo tem ou teve alguém, fora pai e mãe, pra mitificar. É necessário. Tem gente que é o professor, o padeiro, o dono da locadora e, mil outras “gentes”, escolhe alguém da TV. Eu entendo, sim. Só acho que tudo tem seu tempo e limite. E passa. Tem que passar. Eu acho. 😉
Com Marcelo em 1994 (Marcão, assessor dele na época lá no fundo), primeiro encontro com ele…
Em 1995 no Aeroporto Dois de Julho… e sempre Marcão.
Em 2013, com Lu Dadian (também “ex-tiete”) e Marcelo após apresentação de Entre Nós em Sampa, não mais fã e “ídolo”… Amizade pra vida toda.
Xuxa renderia outro capítulo. Nunca fui fã louca, mas era de carteirinha. Assistia ao “Xou” quando estava em casa, sabia todas as músicas e coreografias, comprava botas, acessórios, discos, fui à shows (uma vez minha mãe me deixou na porta da Fonte Nova e esperou que acabasse do lado de fora para levar de volta pra casa), chorava de emoção em todo especial de seu programa, fui vê-la entregar ambulância no Hospital de Irmã Dulce pelo Papa Tudo (lembram?), participei de promoções… Teve uma pra desenhar um modelito pra Xuxa, onde quem ganhasse iria ao Rio conhecê-la. Não fui a grande premiada, mas ganhei 6 meses de assinatura de sua revista. Enfim… Xuxa até hoje rende. Acho que se eu a encontrasse hoje daria um grito. Ela faz parte da turma de pessoas que eu tenho medo.
Xuxa  e Paquitas no tempos áureos…
Em minha fase teen, o filme que mais gostei foi Dirty Dance, com Patrick Swayze (assisti aquele final trilhões de vezes), as melhores novelas foram Vamp (amava aquela atmosfera, escrevi até um livro inspirada) e Top Model.  Eram boas demais !!!
Eu também colecionava a revista UAU, Querida, Capricho,… Uma vez , inclusive, fui convidada pra participar de um debate sobre gravidez na adolescência da revista Capricho.
Mas também tinham os seriados. Gostava de Mel Rose, Miami Beach (era esse o nome? whatever…) e, finalmente, Barrados no Baile, ou Beverly Hills 90210 (nunca entendi esse título, até pouco tempo, quando estive lá). A vida dos irmãos Wash e seus amigos me pertencia. Não perdia um episódio. Detestava Kelly e Valerie, amava Brenda e Brandon… Era bom demais !!! 
Dia desses navegando pelo youtube, descobri várias pérolas. Sou canceriana. Adoro remexer “baus”. Além disso, estive em Hollywood no ano passado e aquelas ruas me lembravam muito o seriado, além de Pretty Woman, com Julia Robert e Richard Gere (outro filme que amava). Engraçado, diferente das novelas brasileiras, que não mostram muito a realidade dos bairros que tentam retratar, os filmes americanos são muito fiéis em suas locações. Estar nas ruas das principais cidades americanas, é estar dentro de seus filmes. Senti em New York, em LA, em Greenwich…
“Barrados no Baile” diz muito sobre mim, sobre meus sonhos, sobre minhas memórias… E até hoje sinto um carinho grande por ele. Achei várias temporadas no NetFlix e estou viciada. Não só pelos episódios em si, mas pela memória que ele me trás. Pelos meus natais, pelas minhas férias, meus domingos regados a feijão, coca cola ou suco de maracujá… Época em que eu já não tinha pai. Mas minha preta-mãe estava lá, me guiando, me orientando, me amando. Era nesses domingos que eu me apegava. Não sentia necessidade de sair, me sentia protegida e feliz.
Pena que o tempo não volta. Mas é boa também a sensação do que vivi.
Eu era feliz e não sabia?! É claro que eu sabia. E era feliz por isso também.
Achei esse vídeo na comunidade de “Barrados no Baile” no facebook. Deu uma saudade boa !!! Boa sessão nostalgia pra vocês.
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