Tag: negro

Negros são maioria no desfile da grife Lab, do rapper Emicida, no SPFW

Categoria(s): | Publicado em: 24 de outubro de 2016

‘Estamos mostrando o que é o Brasil’, disse ele nesta segunda-feira, 24. Modelos comemoraram.

A estreia da Lab, grife do rapper Emicida e de seu irmão, Evandro Fióti, no SPFW, nesta segunda-feira, 24, contou com um casting praticamente apenas de modelos negros.

“Colocamos na passarela pessoas comuns, que tratam a realidade. A gente vê muita coisa, não só na moda, que não condiz com a realidade do país. Estamos mostrando o que é o Brasil”, disse Emicida.

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Reportagem completa no link abaixo:

Fonte: Negros são maioria no desfile da grife Lab, do rapper Emicida, no SPFW


Tag NOVEMBRO NEGRO – Mês de Reflexão

Categoria(s): | Publicado em: 15 de novembro de 2015

Oi, gente !!!

O vídeo de hoje é uma TAG. Estamos em Novembro, mês da Consciência Negra. Por isso, resolvi responder a uma TAG muito especial sobre esse momento tão importante para nós negros.

Não deixe de comentar, compartilhar, dar um LIKE no vídeo e SE inscrever no canal, tá?

Muito, muito, muito obrigada !!!


Preta, rasa e sem conteúdo!!!

Categoria(s): | Publicado em: 5 de maio de 2015

Foi essa frase que ouvi há mais ou menos quinze anos da “maluca-da-ONG” onde eu trabalhava. Isso aconteceu porque, como atriz, interpretei o papel de uma empregada doméstica caipira no Ato de 4, um dos muitos projetos da Escola de Teatro. Rolou um babafá quando um dos alunos, também negro como a de cá, se sentiu ofendido com a cena e foi pra sala de aula reclamar. Aí, a “maluca-da-ONG”, que também era a professora do tal aluno na Universidade, levou tal questão pra entidade.

Eis que, num belo dia, sou convocada para uma reunião surpresa e de emergência com todas as coordenadoras da tal ONG. Dentre as várias coisas que elas me questionaram,  foi como estava minha questão negra (Oi?). Me deram uma aula sobre a história da escravidão no Brasil e me disseram que ser negro era uma construção (Só um parentese para esclarecer que todas elas eram brancas. Então… Rumrum). E, por fim, a maluca me perguntou se eu já tinha sido discriminada alguma vez na vida. Surpresa, citei aquele momento, quando elas me colocaram numa roda, onde eu estava me sentindo completamente discriminada. Eu queria questionar quem era ela pra me fazer aquele tipo de abordagem, se nunca tinha visto nenhum trabalho meu, não sabia os personagens que eu já tinha feito na vida e muito menos tinha visto a bendita cena. Mas não consegui. E pra arrematar o “momento-oi?”, ela me disse que eu era rasa, sem conteúdo e que precisava me aprofundar.

Meses depois, saí da dita ONG me fingindo de louca e dizendo que precisava me dedicar mais aos meus estudos na Faculdade. Mentira. Eu já tinha desistido daquele espaço há muito tempo e não tinha consciência. Confesso que, mesmo guardando mágoa durante alguns anos, consigo até entender esse texto uó daquela doida.

Eu realmente fui rasa. Não disse um NÃO na hora que deveria. Não fui sincera, não fui clara, não bati de frente. Ao invés disso, preferi ser burocrática, sem paixão e fui levando o barco. Sinceramente? Eu não acreditava mais nas propostas daquele projeto, nem tão pouco nos textos dos principais envolvidos. Por isso, não eram eles as pessoas apropriadas para me fazerem esse tipo de questionamento. Esse negócio de “Venha, eu sou legal e vou te ajudar a ser multiplicador, a ser profundo…”, não me convenceu. Mas deixei levar.

E assim aconteceu em outros momentos de minha vida. Momentos em que desisti das coisas , das pessoas ou nunca as quis, mas por algum motivo, segui mesmo assim. Não era enfrentamento. Esse é bom. Era só comodismo. Isso até o dia que minha preta-mãe partiu. Sabe aquele medo que a gente tem de perder algo precioso? Medo de se mostrar e não ser bem recebida? De se jogar e não ter quem te pegue? Pois sempre tive. Mas de repente esse medo se foi com minha preta. O exercício do NÃO tornou-se frequente em minha trajetória e muitas vezes quando quero ponderar e pergunto “Por que NÃO, Patrícia?”, me respondo logo “PORQUE NÃO. E NÃO É NÃO!” O que pode parecer duro, louco e radical, em determinados momentos, é libertador e faz bem.

O que é ser profunda finalmente? É saber quem eu sou? De quem fui feita? Como estou e para onde vou? Ou repetir o texto que muitos gostariam que eu dissesse ou até mesmo eu gostaria de dizer? Durante muitos anos tive vontade de dizer muitos “NÃOs“, mas NÃO os disse por falta de coragem ou de consciência mesmo. A “maluca-da-ONG” até que me ajudou. Eu deveria  ter começado o NÃO por ela. Deveria ter dito NÃO quero mais essa ONG em minha vida, porque ela nunca me representou PROFUNDAMENTE (kkkk).

Eu deveria ter dito NÃO a Assistência de produção que fiz à dois espetáculos, quando os diretores achavam que produção era sinônimo de escravidão. Eu NÃO tive coragem de abandonar sozinhas as duas amigas produtoras do projeto. E SIM, eu sou uma boa amiga. E SIM, eu tenho problemas com a SUBSERVIÊNCIA. Trabalhar é massa, respeitar hierarquias também. Mas escravidão, NÃO, NÃO.

Eu também deveria ter dito NÃO, eu não quero fazer aula de treinamento para atores, porque, embora eu considerasse a turma boa,  amiga, os professores ótimos e a oportunidade única, naquele momento eu só queria perder meu tempo ganhando dinheiro, pagando minhas dívidas e curtindo meu recente namoro. Além de tudo, NÃO, eu não queria fazer musical. Ah, e deveria ter dito a professora de canto, NÃO, eu não vou cantar essa música pra essas pessoas, porque a senhora não teve tempo de treinar comigo  e eu não quero me expor. Além disso, eu também NÃO sei se quero cantar essa música.

NÃO, eu não quero fazer essa peça que eu idealizei com minha amiga agora, porque embora toda equipe fosse querida e dedicada, nós não tínhamos um texto e o arremate que fizemos não era o que queria falar. E o projeto era meu, tinha que ser como eu queria.

É claro que pra quem precisa pagar essas contas, muitos desses NÃOs foram apenas utopias. Eu queria, mas não disse. Nem NÃO, nem SIM. Fiquei no meio. BUROCRÁTICA. Pelo dindim, pela amizade, pra não ferir ninguém, por me sentir culpada ou qualquer outra bobagem. Fiquei no meio. Rasa. Rasa mesmo. A “maluca-da-ONG” tinha razão.

É por isso que hoje em dia o NÃO vem antes do SIM, mesmo com todo perigo que ele apresenta. Mas também digo muitos SIMs. SIM dei recentemente para Hawaii…  Não vim pra cá fugida, não vim por falta de trabalho, não vim atrás de “gringo”, não vim pra ser sustentada… Vim porque quis, vim por amor. A mim e a alguém. E pela vontade de amar Hawaii também. E mesmo com os milhares de desafios que tenho enfrentado, estou bem. Não disse SIM só a praia, ao mar, ao clima bom. Isso Salvador tem também. De onde eu vim também tem paraíso, né? Então, a minha busca está bem além de minhas “amostrações” no facebook.

E pra fechar o pacote desabafo, quando minha avó partiu, seis meses após minha mãe, outras lacunas se abriram. De que parte da África meus parentes vieram? De que parte de Portugal vieram os outros? Nada  a ver com esse “QUEM SOU?” adestrado de ONG de gente doida. O meu QUEM SOU EU é meu. E o que EU SOU, PRA ONDE VOU e COM QUEM EU VOU, é meu também.

O resto é chorôrô pra conseguir patrocínio.

E hoje nem quero falar do caso segurança da farmácia !!!

Licença !!!

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EU SOU PRETA E DAÍ?

Categoria(s): | Publicado em: 4 de setembro de 2014

Não tenho nenhum problema com isso. Pelo contrário. Favor não economizar na tinta. SOU PRETA MESMO. Pretérrima, tiziu, quase azul e adooooooooooooooro !!! E me recuso em pleno 2014 ter que pedir licença pra ser o que eu realmente sou. PRETA, NEGRA… “Me chame de neguinha e eu decido se me derreto ou se te processo”.

Muito melindre pra entender que somos isso e muito mais. Como não achar bestial ter que falar sobre isso nos dias atuais? Cor? Raça? Acredito que nem os primatas perdiam tempo blablando sobre. Mas ok. Se é pra falar, vamos falar. E quem não quiser respeitar as diferenças por bem, vai ter que fazer por mal.

Ontem saiu a sentença e o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) decidiu pela expulsão do Grêmio da Copa do Brasil por conta dos atos racistas de muitos torcedores contra Aranha, o goleiro do Santos. Muito pesado excluir? Claro. Mas é assim que a gente funciona. Tem que ser uma punição EXEMPLAR. Agora o debate está aberto. O que antes era tratado como “coisa de poucos”, agora é oficial. O RACISMO EXISTE. E nem sempre é disfarçado. Muita gente gosta de dizer que ele, O RACISMO, não existe. Mas só que é açoitado sabe a dor que isso causa. Agora é o momento de assumir TUDO. Que o RACISMO existe e que o problema é deles, OS RACISTAS, e não nosso.

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É claro que já fui discriminada, é claro que que já chorei e senti por isso. Mas nunca neguei quem eu sou e o meu valor. Já ouvi vários xingamentos, desde o “nega preta do bozó, não toma banho, só passa pó” à crianças perversas me chamando de mula. Dizer que isso nunca me afetou é bobagem, mas também nunca me paralisou.

O que mais me afetou foi quando há alguns anos atrás estava na Faculdade de Teatro e, como exercício, fiz uma cena num projeto, que acontecia todas as segundas-feiras, aberto ao público. Na cena, eu era uma empregada que, na ausência dos patrões, sofria um assalto e na esperteza fazia o ladrão ser preso. Acontece que um aluno, inconformado por eu fazer uma doméstica, foi pra sala de aula chorando e dizendo ter visto uma cena horrível. A professora, que também era Coordenadora da ONG onde eu trabalhava, convocou uma reunião às pressas no outro dia, juntamente com outras coordenadoras e todos vieram me questionar. Falaram a história do menino e fez um paralelo a do negro, desde a sua chegada no navio negreiro, e depois me perguntaram se eu já tinha sido discriminada alguma vez na vida. Eu disse que “SIM” e quando eles me perguntaram “QUANDO E COMO?” eu disse “NAQUELE MOMENTO”. Falei que não achava indigno fazer uma empregada, que ninguém ali acompanhava minha carreira, que eu não fazia só isso. No final, me disseram que eu era rasa, sem conteúdo e precisava me aprofundar em minhas questões. Oi? Foi ali que eu comecei a perceber que existiam várias formas de escrevidão, de discriminação… Para eles só interessava se eu tivesse “complexo de senzala”. Como não compactuava com aquilo, inventei uma desculpa e saí de lá.

Anos depois, quando entrei numa farmácia para passar uma chuva, vindo da academia, um segurança veio atrás de mim, dizendo que “alguém tinha dito que achava que eu tinha roubado algo”. Detalhe: O dito me seguiu até perto de minha casa e me pediu pra olhar minha bolsa. Depois que ele viu, me pediu desculpas. Fiquei tão passada. Voltei à Farmácia, que é a maior rede de drogarias de Salvador, falei com a gerente, fiz um escândalo e fui dar queixa na polícia. É claro que todo mundo quis que eu esquecesse isso. Mas como esquecer se a ferida estava aberta? “Quem apanha nunca esquece”. Resultado: Entrei na justiça, deram sumiço no tal segurança, alegando que ele nunca existiu e até hoje isso rola na justiça. Se acontecesse hoje, eu faria um escândalo maior e chamaria a atenção de todos. Isso não pode ser esquecido. É muito humilhante, mas é preciso ser inibido.

Na faculdade, eu era muito tímida e durante as aulas eu meio que me escondia. Talvez inconscientemente eu tinha lá meus traumas. Mas quando estava no meu ultimo ano, uma professora me fez recortar materias e observar Gisele Bündchen. Era o momento que a modelo despertava para o mundo, sempre esguia e atrevida. Ela me pediu para usá-la como inspiração. Resultado: Botei um mega hair e, como um estalo, comecei a me impor mais na vida. Momento que a gente entende que existem MESTRES e mestres. Eu nunca vou esquecer essa lição. E sempre que me sinto intimidada, me lembro dessa professora e de Gisele. É, infelizmente, naquela época, eu não tinha ícones negros de renome para me espelhar. Então, fui de Gisele mesmo. E foi massa !!!

Essa nova geração está chegando com um bom movimento. A sociedade já não está mais tolerante com a discriminação. Muita gente racista, mas também muita gente no combate. Essa semana muitas coisas aconteceram. A torcida do grêmio xingando Aranha de MACACO; a menina negra que foi execrada no instagra por ter colocado uma foto com o namorado branco; o rapaz confundido com um ladrão no Salvador Shopping, a jornalista que precisou prender o cabelo com uma borracha de dinheiro para tirar a foto do passaporte, porque o “sistema” não aceitou… É muita coisa, é muita maluquice.

Eu realmente tenho muito orgulho de mim. Admiro meus antepassados, tenho enorme afeição pelo candomblé e os seus ritos, adoro meus cabelos, sou uma divulgadora eterna dos torsos na cabeça, os bicos na cara e não admito que me desrespeitem.

EU SOU PRETA, sim. E não vou usar maquiagem pra que ninguém me aceite. Simples assim.